terça-feira, 22 de abril de 2014


O Propósito dos Dons Espirituais


LEITURA BÍBLICA = I Co 12. 1, 4-11, 31; 4. 20,40

INTRODUÇÃO

Os ensinos acerca dos dons espirituais fazem parte das doutrinas da Bíblia, e precisam ser estudados e aplicados constantemente na vida da Igreja, a fim de dirimir as dúvidas e fortalecer a fé na atualidade dos dons. O ponto de partida para a manifestação dos dons espirituais é o batismo no Espírito Santo, que se evidencia com o "falar em línguas". Esse "falar em outras línguas" é a evidência física da promessa do "dom do Espírito" (At 2.38), que difere da manifestação dos dons para a edificação espiritual coletiva da Igreja.

O propósito de Deus para o uso dos dons Espirituais (I Cor 12:1-11)

Estudar acerca dos dons espirituais é algo extremamente importante e necessário. Principalmente no tempo em que vivemos onde encontramos uma enxurrada de heresias e problemas relacionados aos dons espirituais.
Entre as diversas distorções sobre o assunto podemos destacar:

1) O cessacionismo- É uma visão de alguns estudiosos que acreditam que os dons foram apenas para os tempos apostólicos. Contudo, não temos provas bíblicas, teológicas e históricas consistentes para provarmos essa posição (1 Coríntios 13:10).

2) O abuso dos dons Espirituais - O uso dos dons espirituais como um instrumento de poder, símbolo de status e promoção de ministérios sem esquecer é claro, do ministro.

3) A ignorância de muitos em relação ao propósito e a finalidade dos dons espirituais; Muitos estão completamente alheios aos dons que possuem e ao que a Bíblia realmente ensina sobre os eles e para que servem. Acham que não podem fazer nada na obra do Senhor. Sua auto-estima espiritual está lá embaixo. Os prejuízos para o corpo de Cristo são enormes. De que adianta uma ferramenta poderosa nas mãos de alguém que a desconhece ou não sabe manuseá-la.

4) Falsificação dos dons espirituais - O diabo é astuto e enganador e pode muito bem copiar os dons espirituais a fim de sermos enganados (II cor 11:13-15). Precisamos estar alerta e vigilantes (I João 4:1). Em Mt 7:21-23 Jesus fala de pessoas que exerceram aparentemente dons espirituais mas não eram conhecidos por Ele!

É com base na importância desse assunto que a Bíblia vai tratar dele em vários momentos especialmente em três cartas de Paulo: Romanos12, 1 Coríntios 12 e Efésios 4.11 onde estão as principais listas dos dons.

Em I Cor 12:1 temos a exortação de Paulo é "acerca dos Espirituais (Pneumátikós) não quero que sejais ignorantes" (A palavra dom não aparece aqui no original). Isto aponta para o fato de que o foco de Paulo não esta só nos dons, mas também na vida dos que os tem! Aliás, isto é um princípio extremamente importante que abordaremos no ultimo estudo quando abordaremos o assunto do Carisma x Caráter (Os dons e a vida de que os usa)!

O QUE SÃO DONS ESPIRITUAIS ?

No sentido geral refere-se a todas as dádivas de Deus por meio de Cristo, como o dom da salvação, da vida eterna, o evangelho; Geralmente, como em atos 2:38 quando vem no Singular se refere ao Próprio Espírito como dádiva ou presente de Deus!

No sentido especifico, refere-se às capacitações dadas pelo ES aos crentes para o desempenho de um serviço cristão e a operação de Deus, tendo em vista o bem estar e o crescimento da igreja (Ef 4.12; I Pe 4.10; I cor 14.12)

Nos versículos v. 4-6 Paulo fala da natureza dos dons espirituais, mostrando que eles têm um tríplice aspecto: São "charismata", "diakonia" e "energémata" = dons, ministérios e obras. Com isso, Paulo fala sobre: Origem dos dons; o modo como atuam; a finalidade dos dons.

· Quanto à origem dos dons = Os dons são "chamarismata", manifestação concreta de "charis" graça divina. A graça de Deus é a origem de todo dom. A origem dos dons nunca está no homem, mas na graça de Deus. É errado os crentes querem distribuir os dons. Aliás, nem podemos fazer isso (Atos 8:18-20 Simão, o mago oferece dinheiro para receber o dom do Espirito)

· Quanto ao seu modo de atuar = Os dons são "diaconia", prontidão para servir. É concentrar não em mim mesmo, mas no outro. É buscar não minha auto-edificação, mas a edificação do meu próximo.

· Quanto à sua finalidade =Os dons são "energémata", isto é, obras exteriores. A igreja é a continuação histórica da encarnação de Cristo. Somos o corpo de Cristo na terra. A finalidade do dom é a realização de alguma obra concreta, uma ajuda a alguém, a edificação da comunidade.

O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE DONS ?

a) Precisamos identificá-los em nossas vidas. Os dons espirituais são capacitações ou ferramentas para o exercício do ministério que o Senhor nos confiou. Além disso, eles apontam para qual o ministério para o qual Senhor nos chamou!
Após a identificação de um ou mais dons na nossa vida, a nossa tarefa não pára aí. Temos de permitir sua operação e procurar crescer neles (1Co 14.1). Também vale a pena lembrar que eles podem ficar adormecidos em nós (II TIM 1:6 "Despertes o dom que há em ti ..."

b) Há Diversidade e interdependência de dons - O Espírito Santo intermedia e arruma os dons no corpo para se complementarem uns aos outros. Um músico não pode produzir uma melodia harmônica de uma nota apenas, nem um artista, uma obra prima com uma só cor.
De igual modo, o propósito do Espírito só pode ser cumprido por meio dos vários dons. Eles devem operar em conjunto e em harmonia uns com os outros e não independentemente em divergência e competição.
Nenhum crente possui todos os dons ( I cor 12.29-30). Assim como não há membro auto-suficiente no corpo nem membro sem função. Daí a necessidade de ajuda mútua na Igreja (Rm 1.11-12);

c) É o Espírito Santo quem concede o dom a quem ele quer (I Cor 12.11). O Espírito Santo é livre e soberano na distribuição dos dons. No texto de I cor 12 temos quatro verbos chaves que ilustram essa soberania: no verso 11, "Deus distribui"; no verso 18, "Deus dispõe"; no verso 24, "Deus coordena" e no verso 28 "Deus estabelece". Do começo ao fim Deus está no controle.
Assim, ele não vem como resultado de busca. Não se compra nem se arranca dele com vigílias de oração em busca de poder. Não são uma medalha espiritual por tempo de serviço ou dedicação espiritual. Não é o crente que decide o dom que deseja ter e o ministério que vai exercer. Ele não deve se achar mais importante porque exercita dons considerados de maior valor.

d) Os dons são para a edificação e a maturidade da igreja - 1Coríntios 12.7 diz isto: "A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum". Os dons não são para vaidade, obter posição, lucros nem para entretenimento pessoal. Dizer: "eu tenho um dom para meu uso pessoal" é uma expressão que não faz sentido.
Quem tem dons se torna servo dos demais, não senhor. É servo e não mais crente, mais espiritual, mais cheio de poder. Vaidade e dons são incompatíveis.
Quem tem dons deve ser servo, como lemos em 1Pedro 4.10: "servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus". A doença que John Stott chama de "holofotite" deve ser evitada entre nós. Os dons não são estímulo para ela.
Outros textos como (1Cor 14.26; Efésios 4.11-14) vão reforçar a afirmação de que os dons são para que a igreja seja edificada e chegue à maturidade.
Entretanto, ter dons espirituais e ser maduro espiritualmente são coisas distintas. A igreja de Corinto é uma prova de que é possível ter muitos dons e ainda sim ser imaturo espiritualmente (I cor 1:7 versus I cor 3.1). É possível ter dons notáveis em uma área, mas ser muito imaturo no entendimento espiritual e na conduta cristã. A maturidade vem no decorrer da caminhada cristã e através dos elementos que já trabalhamos em nosso estudo sobre as chaves do crescimento Espiritual: Espírito santo, oração, Palavra de Deus e a Igreja.

e) Os dons são dados para a glória de Deus - Lemos em 1Pedro 4.11: "Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém.". Deus nos deu habilidades e talentos para que ele seja glorificado, não a pessoa que recebeu o dom.

f) Prestaremos conta a deles a Deus - Somos mordomos ou seja administradores de todos os dons e recursos que Deus nos confiou. De tudo isso prestaremos conta a Deus. Jesus inclusive ilustra esta responsabilidade por meio da Parábola dos Talentos Mt 25:14-30. Assim, não podemos ser negligentes, medrosos ou preguiçosos na obra do Senhor.

g) Promover a unidade do Corpo de Cristo (1 Co 12. 12, 13). Os dons espirituais visam promover a unidade da Igreja no sentido espiritual, mas também socialmente, pois a operação dos dons dinamiza a comunhão entre os crentes. No aspecto físico, o sangue e o espírito são dois elementos que mantém a unidade do corpo humano. O sangue está espalhado em todo o corpo e atinge todos os membros. O espírito não se localiza em determinado órgão, mas está em todo o corpo. Assim sendo, o sangue de Jesus (isto é, a sua eficácia) está em todo o Corpo de Cristo, a Igreja, e o Espírito manifesta- se através dos dons para manter e fortalecer o corpo de Cristo.

h) Promover a diferença e a funcionalidade dos membros do Corpo e Cristo (1 Co 12.14-16,27). A Igreja é um corpo com muitos membros, e todos são indispensáveis para o seu perfeito funcionamento. Cada cristão é parte integrante da Igreja, e os dons são concedidos para o perfeito exercício do corpo; não são independentes e atuam pelo bem dos demais. Cada membro tem a sua função, e quando dotado de um dom espiritual, trabalhará para beneficiar a todos. A diversidade dos dons existe dentro da unidade do corpo (1 Co 12.4). Os dons emanam de uma mesma fonte: "Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4). É Ele quem utiliza os dons conforme a sua soberana vontade. Os dons não são para a exaltação das pessoas, nem para a sua individualização.

i) Promover a pregação do evangelho. Os dons tomam a pregação do Evangelho mais eficaz, pois confirmam a Palavra de Deus que está sendo proclamada (Hb 2.3,4). Infelizmente, muitos utilizam os dons, principalmente os de curar, para atrair multidões. Enquanto isto, a mensagem que leva o pecador ao arrependimento é deixada de lado. De que adianta ser curado no corpo e ter a alma lançada no inferno? A pregação verdadeiramente bíblica e pentecostal é centrada em Cristo e na sua morte na cruz. Cremos na cura divina e na operação de maravilhas. No entanto, este é o maior milagre: o novo nascimento que Deus opera no coração do pecador mediante a ação do Espírito Santo. O compromisso do Espírito é com a "palavra da cruz", "o evangelho da salvação" (Ef 1.13; 1 Co 1.18).

j) O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12). Os dons contribuem também para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos crentes. Todavia, para que isso aconteça, temos de utilizá-los com sabedoria. Observemos, pois, a recomendação bíblica quanto ao seu uso: "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1 Co 14.40).

DONS X TALENTOS

Os dons podem estar relacionados com os talentos, que são aptidões naturais das pessoas, mas não se confundem com eles. Ambos procedem da mesma fonte, que é Deus, mas os talentos pertencem a velha criação, enquanto que os dons pertencem a nova criação em Cristo. Ambos devem ser descobertos e desenvolvidos (Rm 12.6-8). Ambos devem estar à serviço de Deus.

DONS X FRUTO DO ESPIRITO

O fruto do Espírito são evidências na vida daquele que tem de fato o Espírito Santo. Diferentemente dos dons, que são dádivas e capacitações específicas dadas a cada cristão conforme os propósitos divinos, o fruto é uma conseqüência natural em uma vida constantemente moldada por Deus, de modo que todos os cristãos podem, mediante o "viver pelo Espírito" (Gl 5.16), demonstrar todas as nove virtudes deste fruto. Enquanto os dons estão relacionados ao ministério que temos, o fruto esta relacionado ao que somos!

A ADMINISTRAÇÃO DOS DESPENSEIROS DE DEUS

Os servos do Senhor são cognominados de várias maneiras pelas Sagradas Escrituras. Neste estudo, enfocaremos a figura do "despenseiro". Veremos, ainda, suas responsabilidades e incumbências. Estas podem ser divididas em quatro categorias de deveres.
1) O despenseiro deve pregar a Palavra de Deus, pois é um administrador dos divinos mistérios, 1 Co 2.2. Esta obrigação tem que ser cumprida de boa mente. 1 Co 9.16-17, 1 Pe 4.10.
2) O despenseiro deve cuidar da casa do Senhor, para prover adequadamente o seu sustento, Mt 24.45. E, isto significa apascentar o rebanho e ter cuidado dele. 1 Pe 5.2,3, At 20.28.
3) O despenseiro deve entregar-se em defesa do Evangelho. Fp 1.16. Pois a Igreja é a coluna e firmeza da verdade, 1 Tm 3.15.
4) E, finalmente, o despenseiro deve administrar os bens materiais da casa de Deus. Rm 15.31.  Foi por isso que Paulo pediu orações à igreja. Rm 15.30,31.

CONCLUSÃO

Os dons são para a edificação e crescimento do corpo de Cristo e não para orgulho pessoal ou divisão na igreja. Deus criou os dons, e deu-os para Sua igreja, para capacitá-la a fim de cumprirem sua missão aqui neste mundo. O desconhecimento ou a não utilização correta dos dons trazem grande prejuízo para a própria vida cristã e para Igreja.
Pessoas talentosas e dotadas de dons em ministérios errados não produzem resultado. Por isso, vamos pedir a Deus sabedoria para continuarmos nesta jornada rumo ao descobrimento das ferramentas e do ministério que o Senhor nos confiou a fim de não sermos infrutíferos em sua obra.
A missão profética da Igreja trata-se da responsabilidade que a mesma tem de ser a portadora da Palavra de Deus, a ser proclamada, divulgada e defendida, não só com palavras, mas, principalmente, com atitudes. A Igreja é a porta-voz de Deus sobre a face da Terra. Ela tem o Espírito Santo (João 14:7), cuja função é guiar a Igreja em toda a verdade, anunciar o que há de vir, bem como glorificar e anunciar tudo o que diz respeito a Cristo (João 16:13,14). Por isso, não pode haver qualquer outro "mensageiro" divino além da Igreja enquanto durar esta dispensação. Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33

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