terça-feira, 22 de abril de 2014

 DONS DE REVELAÇÃO -   (I Co 12.8,10; At 6.8-10; Dn 2.19-22)

INTRODUÇÃO

Os Dons de Revelação são aqueles que manifestam a sabedoria de Deus: o dom da palavra da ciência, o dom da palavra da sabedoria e o dom de discernir os espíritos. Através desses dons o crente passa a conhecer coisas de forma sobrenatural; resolver problemas e também identificar a procedência das manifestações espirituais. Nesta lição veremos as definições, a importância e alguns exemplos da manifestação desses dons no seio da igreja.

A MANIFESTAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

No AT as revelações ocorridas diziam respeito a manifestações esporádicas, específicas e restritas a pessoas chamadas por Deus para cumprir determinadas missões, sendo sua natureza e manifestações diferentes do período neotestamentário (I Sm 9.15,20; I Rs 3.16-28; 14.1-6; II Rs 5.20-27; 6.9-12; I Co 12.1-11). Já no Novo Testamento, estas manifestações são universais, pois, na presente dispensação, a Igreja dispõe da presença permanente do Espírito Santo (I Co 6.19), bem como do batismo com o Espírito Santo (At 2.1-4; 10.42-46; 19.1-6) que é a plataforma para a manifestação dos dons descritos em (I Co 12.1-11).

II - O DOM DA PALAVRA DE SABEDORIA

2.1 Definição. O dom da palavra da sabedoria (I Co 12.7,8) é a manifestação da sabedoria de Deus na vida do crente, capacitando-o a solucionar causas difíceis.“Trata-se de uma mensagem vocal sábia, enunciada mediante a operação sobrenatural do Espírito Santo. Tal mensagem aplica a revelação da Palavra de Deus ou a sabedoria do Espírito Santo a uma situação ou problema específico (At 6.10; 15.13-22). Não se trata aqui da sabedoria comum de Deus, para o viver diário, que se obtém pelo diligente estudo e meditação nas coisas de Deus e na sua Palavra, e pela oração (Tg 1.5,6)” (STAMPS, 1995, p. 1756).

2.2 Importância. Todo servo de Deus necessita desse dom, principalmente aqueles que são chamados para liderança na Igreja, e, frequentemente estão aconselhando e resolvendo questões difíceis. É um dom altamente necessário no governo da igreja, administração, liderança e direção de qualquer um de seus departamentos e instituições. “Esse dom proporciona, pela operação do Espírito Santo, uma compreensão (cf. Ef 3.4) da profundidade da sabedoria de Deus, ensinando a aplicá-la, seja no trabalho seja nas decisões no serviço do Senhor, e a expô-la a outros, de modo a ser bem entendida” (BERGSTÉN apud RENOVATO, 2014, p. 23).

2.3 Exemplos de manifestações do dom da palavra da Sabedoria.
  • A sabedoria de Salomão ao solucionar a causa de duas mulheres que disputavam a mesma criança (I Rs 3.16-28);
  • A sabedoria de Jesus causava admiração a todos (Mt 13.54; Mc 6.2);
  • Jesus prometeu aos discípulos que o Espírito Santo lhes ensinaria o que falar diante dos líderes judeus (Lc 12.11,12); e, em outra ocasião, disse-lhes que ninguém poderia resisti-los e nem contradizê-los (Lc 21.14,15);
  • A sabedoria de Pedro e João diante do sinédrio chamou a atenção dos sacerdotes e saduceus (At 4.13);
  • No discurso de Estêvão, ninguém podia resistir “… à sabedoria, e ao espírito com que falava” (At 6.10);
  • No Concílio de Jerusalém, Tiago trouxe a solução de um problema que estava causando contenda entre judeus e gentios (At 15.1-29).
III O DOM DA PALAVRA DA CIÊNCIA

3.1 Definição. O dom da palavra da ciência (I Co 12.8), também conhecido como dom da palavra do conhecimento, se manifesta na vida do crente trazendo o conhecimento de fatos e circunstâncias pelo Espírito Santo, que a pessoa não seria capaz de saber pelos métodos naturais. Este dom pode ser definido como sendo a revelação sobrenatural de algum fato que existe na mente de Deus, mas que o homem não pode conhecer, a não ser que o Espírito Santo lhe revele. “Trata-se de uma mensagem vocal, inspirada pelo Espírito Santo, revelando conhecimento a respeito de pessoas, de circunstâncias, ou de verdades bíblicas. Frequentemente, este dom tem estreito relacionamento com o de profecia (At 5.1-10; 1Co 14.24,25)” (STAMPS, 1995, p. 1756).

3.2 Importância. A Bíblia recomenda que busquemos este dom através da oração.“Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação (Ef 1.16,17). Deus não nos concede a faculdade da onisciência, que é um atributo exclusivamente divino, mas, por meio do Espírito Santo, nos concede o dom da palavra da ciência, para realizarmos a Sua obra (I Co 12.8).
3.3 Exemplos de manifestações do dom da palavra da Ciência.
  • Deus revelou a Samuel sobre Saul, e também sobre as jumentas de seu pai (I Sm 9.15,20);
  • O Senhor revelou ao profeta Aías sobre a mulher de Jeroboão que ia até ele disfarçada (I Rs 14.1-6);
  • O profeta Eliseu soube da avareza e estratégia de Geazi para receber presentes de Naamã (II Rs 5.20-27);
  • O rei de Israel foi avisado pelo profeta Eliseu das emboscadas preparadas pelo rei da Síria (2 Rs 6.9-12);
  • Quando Jesus pregou para a mulher samaritana revelou segredos que o conhecimento humano não teria condições de saber (Jo 4.16-19);
  • Pedro identificou a hipocrisia e mentira de Ananias e Safira (At 5.3).
IV O DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS

4.1 Definição. O dom de discernir os espíritos (I Co 12.10) é uma ação sobrenatural do Espírito Santo na vida do crente, capacitando-o a discernir as manifestações sobrenaturais. “Trata-se de uma dotação especial dada pelo Espírito, para o portador do dom discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não (1Co 14.29; 1Jo 4.1)” (STAMPS, 1995, p. 1756). O dom de discernir os espíritos não é técnica, perícia ou psicologia humana, e sim, uma atuação direta do Espírito Santo na mente do homem, capacitando-o a distinguir as manifestações vindas de Deus das procedentes do próprio homem ou de espíritos demoníacos”(SILVA, 1996, p. 76).

4.2 Importância. Em um universo religioso como este em que vivemos onde existe muitas ações malignas, imitações e até supostas ações sobrenaturais faz-se necessário a manifestação deste dom para sabermos a origem delas. A Bíblia diz que: 
(1)Satanás usa as Escrituras e as interpreta para o mal (Mt 4.6; Lc 4.10,11); 
(2) Ele opera grandes sinais e prodígios (Mt 24.24; 2 Ts 2.9; Ap 16.14; 19.20); e
(3) Ele tem poder de transformar-se em anjo de luz (2 Co 11.14). Pelo dom de discernimento, o crente pode saber, por exemplo, se uma determinada profecia vem de Deus, do homem ou dos demônios.
Ou seja, esse dom capacita a “enxergar” todas as aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza de uma inspiração. “No fim dos tempos, onde os falsos mestres e a distorção do cristianismo bíblico crescem assustadoramente (Mt 24.5; 1Tm 4.1), esse dom espiritual é de extrema importância para a Igreja”. (STAMPS, 1995, p. 1756).

4.3 Exemplos de manifestações do dom de discernir os espíritos.
  • O Mestre identificou a malícia dos fariseus e herodianos, dizendo: “Por que me experimentais, hipócritas?” (Mt 22.16-18; Mc 12.13-17);
  • Jesus identificou a murmuração dos escribas e fariseus porque disse ao paralítico de Cafarnaum: “perdoados estão os teus pecados” (Mc 2.7,8; Lc 5.21,22);
  • O Senhor Jesus revelou que muitos lhe procuravam, pelo pão que eles haviam comido e se saciado (Jo 6.26);
  • Jesus curou uma mulher que vivia encurvada há 18 anos e revelou que aquela enfermidade era de origem maligna (Lc 13.10-17);
  • Além dos exemplos acima citados, diversos milagres Jesus operou, identificando a origem das doenças, que era espiritual (Mt 12.22; Mc 9.25; Lc 8.29);
  • Através desse dom, o Espírito Santo revelou a Paulo que tipo de espírito operava na jovem de Filipos (At 16.18).
CONCLUSÃO

Como pudemos ver, os dons de Revelação são extremamente necessários à Igreja do Senhor Jesus. Por intermédio deles, o crente é capaz de resolver causas difíceis, com a sabedoria de Deus; ter conhecimento de fatos e situações, que estão além da visão e conhecimento humano; e também discernir a origem das manifestações espirituais.

REFERÊNCIAS
  • ANTÔNIO, Gilberto. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
  • RENOVATO, Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
  • SILVA, Severino Pedro da. A Existência e a Pessoa do Espírito Santo.CPAD.
  • SOUZA, Estevam Ângelo de. Nos Domínios do Espírito. CPAD.
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Publicado no site da Rede Brasil de Comunicação

O Propósito dos Dons Espirituais


LEITURA BÍBLICA = I Co 12. 1, 4-11, 31; 4. 20,40

INTRODUÇÃO

Os ensinos acerca dos dons espirituais fazem parte das doutrinas da Bíblia, e precisam ser estudados e aplicados constantemente na vida da Igreja, a fim de dirimir as dúvidas e fortalecer a fé na atualidade dos dons. O ponto de partida para a manifestação dos dons espirituais é o batismo no Espírito Santo, que se evidencia com o "falar em línguas". Esse "falar em outras línguas" é a evidência física da promessa do "dom do Espírito" (At 2.38), que difere da manifestação dos dons para a edificação espiritual coletiva da Igreja.

O propósito de Deus para o uso dos dons Espirituais (I Cor 12:1-11)

Estudar acerca dos dons espirituais é algo extremamente importante e necessário. Principalmente no tempo em que vivemos onde encontramos uma enxurrada de heresias e problemas relacionados aos dons espirituais.
Entre as diversas distorções sobre o assunto podemos destacar:

1) O cessacionismo- É uma visão de alguns estudiosos que acreditam que os dons foram apenas para os tempos apostólicos. Contudo, não temos provas bíblicas, teológicas e históricas consistentes para provarmos essa posição (1 Coríntios 13:10).

2) O abuso dos dons Espirituais - O uso dos dons espirituais como um instrumento de poder, símbolo de status e promoção de ministérios sem esquecer é claro, do ministro.

3) A ignorância de muitos em relação ao propósito e a finalidade dos dons espirituais; Muitos estão completamente alheios aos dons que possuem e ao que a Bíblia realmente ensina sobre os eles e para que servem. Acham que não podem fazer nada na obra do Senhor. Sua auto-estima espiritual está lá embaixo. Os prejuízos para o corpo de Cristo são enormes. De que adianta uma ferramenta poderosa nas mãos de alguém que a desconhece ou não sabe manuseá-la.

4) Falsificação dos dons espirituais - O diabo é astuto e enganador e pode muito bem copiar os dons espirituais a fim de sermos enganados (II cor 11:13-15). Precisamos estar alerta e vigilantes (I João 4:1). Em Mt 7:21-23 Jesus fala de pessoas que exerceram aparentemente dons espirituais mas não eram conhecidos por Ele!

É com base na importância desse assunto que a Bíblia vai tratar dele em vários momentos especialmente em três cartas de Paulo: Romanos12, 1 Coríntios 12 e Efésios 4.11 onde estão as principais listas dos dons.

Em I Cor 12:1 temos a exortação de Paulo é "acerca dos Espirituais (Pneumátikós) não quero que sejais ignorantes" (A palavra dom não aparece aqui no original). Isto aponta para o fato de que o foco de Paulo não esta só nos dons, mas também na vida dos que os tem! Aliás, isto é um princípio extremamente importante que abordaremos no ultimo estudo quando abordaremos o assunto do Carisma x Caráter (Os dons e a vida de que os usa)!

O QUE SÃO DONS ESPIRITUAIS ?

No sentido geral refere-se a todas as dádivas de Deus por meio de Cristo, como o dom da salvação, da vida eterna, o evangelho; Geralmente, como em atos 2:38 quando vem no Singular se refere ao Próprio Espírito como dádiva ou presente de Deus!

No sentido especifico, refere-se às capacitações dadas pelo ES aos crentes para o desempenho de um serviço cristão e a operação de Deus, tendo em vista o bem estar e o crescimento da igreja (Ef 4.12; I Pe 4.10; I cor 14.12)

Nos versículos v. 4-6 Paulo fala da natureza dos dons espirituais, mostrando que eles têm um tríplice aspecto: São "charismata", "diakonia" e "energémata" = dons, ministérios e obras. Com isso, Paulo fala sobre: Origem dos dons; o modo como atuam; a finalidade dos dons.

· Quanto à origem dos dons = Os dons são "chamarismata", manifestação concreta de "charis" graça divina. A graça de Deus é a origem de todo dom. A origem dos dons nunca está no homem, mas na graça de Deus. É errado os crentes querem distribuir os dons. Aliás, nem podemos fazer isso (Atos 8:18-20 Simão, o mago oferece dinheiro para receber o dom do Espirito)

· Quanto ao seu modo de atuar = Os dons são "diaconia", prontidão para servir. É concentrar não em mim mesmo, mas no outro. É buscar não minha auto-edificação, mas a edificação do meu próximo.

· Quanto à sua finalidade =Os dons são "energémata", isto é, obras exteriores. A igreja é a continuação histórica da encarnação de Cristo. Somos o corpo de Cristo na terra. A finalidade do dom é a realização de alguma obra concreta, uma ajuda a alguém, a edificação da comunidade.

O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE DONS ?

a) Precisamos identificá-los em nossas vidas. Os dons espirituais são capacitações ou ferramentas para o exercício do ministério que o Senhor nos confiou. Além disso, eles apontam para qual o ministério para o qual Senhor nos chamou!
Após a identificação de um ou mais dons na nossa vida, a nossa tarefa não pára aí. Temos de permitir sua operação e procurar crescer neles (1Co 14.1). Também vale a pena lembrar que eles podem ficar adormecidos em nós (II TIM 1:6 "Despertes o dom que há em ti ..."

b) Há Diversidade e interdependência de dons - O Espírito Santo intermedia e arruma os dons no corpo para se complementarem uns aos outros. Um músico não pode produzir uma melodia harmônica de uma nota apenas, nem um artista, uma obra prima com uma só cor.
De igual modo, o propósito do Espírito só pode ser cumprido por meio dos vários dons. Eles devem operar em conjunto e em harmonia uns com os outros e não independentemente em divergência e competição.
Nenhum crente possui todos os dons ( I cor 12.29-30). Assim como não há membro auto-suficiente no corpo nem membro sem função. Daí a necessidade de ajuda mútua na Igreja (Rm 1.11-12);

c) É o Espírito Santo quem concede o dom a quem ele quer (I Cor 12.11). O Espírito Santo é livre e soberano na distribuição dos dons. No texto de I cor 12 temos quatro verbos chaves que ilustram essa soberania: no verso 11, "Deus distribui"; no verso 18, "Deus dispõe"; no verso 24, "Deus coordena" e no verso 28 "Deus estabelece". Do começo ao fim Deus está no controle.
Assim, ele não vem como resultado de busca. Não se compra nem se arranca dele com vigílias de oração em busca de poder. Não são uma medalha espiritual por tempo de serviço ou dedicação espiritual. Não é o crente que decide o dom que deseja ter e o ministério que vai exercer. Ele não deve se achar mais importante porque exercita dons considerados de maior valor.

d) Os dons são para a edificação e a maturidade da igreja - 1Coríntios 12.7 diz isto: "A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum". Os dons não são para vaidade, obter posição, lucros nem para entretenimento pessoal. Dizer: "eu tenho um dom para meu uso pessoal" é uma expressão que não faz sentido.
Quem tem dons se torna servo dos demais, não senhor. É servo e não mais crente, mais espiritual, mais cheio de poder. Vaidade e dons são incompatíveis.
Quem tem dons deve ser servo, como lemos em 1Pedro 4.10: "servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus". A doença que John Stott chama de "holofotite" deve ser evitada entre nós. Os dons não são estímulo para ela.
Outros textos como (1Cor 14.26; Efésios 4.11-14) vão reforçar a afirmação de que os dons são para que a igreja seja edificada e chegue à maturidade.
Entretanto, ter dons espirituais e ser maduro espiritualmente são coisas distintas. A igreja de Corinto é uma prova de que é possível ter muitos dons e ainda sim ser imaturo espiritualmente (I cor 1:7 versus I cor 3.1). É possível ter dons notáveis em uma área, mas ser muito imaturo no entendimento espiritual e na conduta cristã. A maturidade vem no decorrer da caminhada cristã e através dos elementos que já trabalhamos em nosso estudo sobre as chaves do crescimento Espiritual: Espírito santo, oração, Palavra de Deus e a Igreja.

e) Os dons são dados para a glória de Deus - Lemos em 1Pedro 4.11: "Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém.". Deus nos deu habilidades e talentos para que ele seja glorificado, não a pessoa que recebeu o dom.

f) Prestaremos conta a deles a Deus - Somos mordomos ou seja administradores de todos os dons e recursos que Deus nos confiou. De tudo isso prestaremos conta a Deus. Jesus inclusive ilustra esta responsabilidade por meio da Parábola dos Talentos Mt 25:14-30. Assim, não podemos ser negligentes, medrosos ou preguiçosos na obra do Senhor.

g) Promover a unidade do Corpo de Cristo (1 Co 12. 12, 13). Os dons espirituais visam promover a unidade da Igreja no sentido espiritual, mas também socialmente, pois a operação dos dons dinamiza a comunhão entre os crentes. No aspecto físico, o sangue e o espírito são dois elementos que mantém a unidade do corpo humano. O sangue está espalhado em todo o corpo e atinge todos os membros. O espírito não se localiza em determinado órgão, mas está em todo o corpo. Assim sendo, o sangue de Jesus (isto é, a sua eficácia) está em todo o Corpo de Cristo, a Igreja, e o Espírito manifesta- se através dos dons para manter e fortalecer o corpo de Cristo.

h) Promover a diferença e a funcionalidade dos membros do Corpo e Cristo (1 Co 12.14-16,27). A Igreja é um corpo com muitos membros, e todos são indispensáveis para o seu perfeito funcionamento. Cada cristão é parte integrante da Igreja, e os dons são concedidos para o perfeito exercício do corpo; não são independentes e atuam pelo bem dos demais. Cada membro tem a sua função, e quando dotado de um dom espiritual, trabalhará para beneficiar a todos. A diversidade dos dons existe dentro da unidade do corpo (1 Co 12.4). Os dons emanam de uma mesma fonte: "Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo" (1 Co 12.4). É Ele quem utiliza os dons conforme a sua soberana vontade. Os dons não são para a exaltação das pessoas, nem para a sua individualização.

i) Promover a pregação do evangelho. Os dons tomam a pregação do Evangelho mais eficaz, pois confirmam a Palavra de Deus que está sendo proclamada (Hb 2.3,4). Infelizmente, muitos utilizam os dons, principalmente os de curar, para atrair multidões. Enquanto isto, a mensagem que leva o pecador ao arrependimento é deixada de lado. De que adianta ser curado no corpo e ter a alma lançada no inferno? A pregação verdadeiramente bíblica e pentecostal é centrada em Cristo e na sua morte na cruz. Cremos na cura divina e na operação de maravilhas. No entanto, este é o maior milagre: o novo nascimento que Deus opera no coração do pecador mediante a ação do Espírito Santo. O compromisso do Espírito é com a "palavra da cruz", "o evangelho da salvação" (Ef 1.13; 1 Co 1.18).

j) O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.11,12). Os dons contribuem também para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos crentes. Todavia, para que isso aconteça, temos de utilizá-los com sabedoria. Observemos, pois, a recomendação bíblica quanto ao seu uso: "Mas faça-se tudo decentemente e com ordem" (1 Co 14.40).

DONS X TALENTOS

Os dons podem estar relacionados com os talentos, que são aptidões naturais das pessoas, mas não se confundem com eles. Ambos procedem da mesma fonte, que é Deus, mas os talentos pertencem a velha criação, enquanto que os dons pertencem a nova criação em Cristo. Ambos devem ser descobertos e desenvolvidos (Rm 12.6-8). Ambos devem estar à serviço de Deus.

DONS X FRUTO DO ESPIRITO

O fruto do Espírito são evidências na vida daquele que tem de fato o Espírito Santo. Diferentemente dos dons, que são dádivas e capacitações específicas dadas a cada cristão conforme os propósitos divinos, o fruto é uma conseqüência natural em uma vida constantemente moldada por Deus, de modo que todos os cristãos podem, mediante o "viver pelo Espírito" (Gl 5.16), demonstrar todas as nove virtudes deste fruto. Enquanto os dons estão relacionados ao ministério que temos, o fruto esta relacionado ao que somos!

A ADMINISTRAÇÃO DOS DESPENSEIROS DE DEUS

Os servos do Senhor são cognominados de várias maneiras pelas Sagradas Escrituras. Neste estudo, enfocaremos a figura do "despenseiro". Veremos, ainda, suas responsabilidades e incumbências. Estas podem ser divididas em quatro categorias de deveres.
1) O despenseiro deve pregar a Palavra de Deus, pois é um administrador dos divinos mistérios, 1 Co 2.2. Esta obrigação tem que ser cumprida de boa mente. 1 Co 9.16-17, 1 Pe 4.10.
2) O despenseiro deve cuidar da casa do Senhor, para prover adequadamente o seu sustento, Mt 24.45. E, isto significa apascentar o rebanho e ter cuidado dele. 1 Pe 5.2,3, At 20.28.
3) O despenseiro deve entregar-se em defesa do Evangelho. Fp 1.16. Pois a Igreja é a coluna e firmeza da verdade, 1 Tm 3.15.
4) E, finalmente, o despenseiro deve administrar os bens materiais da casa de Deus. Rm 15.31.  Foi por isso que Paulo pediu orações à igreja. Rm 15.30,31.

CONCLUSÃO

Os dons são para a edificação e crescimento do corpo de Cristo e não para orgulho pessoal ou divisão na igreja. Deus criou os dons, e deu-os para Sua igreja, para capacitá-la a fim de cumprirem sua missão aqui neste mundo. O desconhecimento ou a não utilização correta dos dons trazem grande prejuízo para a própria vida cristã e para Igreja.
Pessoas talentosas e dotadas de dons em ministérios errados não produzem resultado. Por isso, vamos pedir a Deus sabedoria para continuarmos nesta jornada rumo ao descobrimento das ferramentas e do ministério que o Senhor nos confiou a fim de não sermos infrutíferos em sua obra.
A missão profética da Igreja trata-se da responsabilidade que a mesma tem de ser a portadora da Palavra de Deus, a ser proclamada, divulgada e defendida, não só com palavras, mas, principalmente, com atitudes. A Igreja é a porta-voz de Deus sobre a face da Terra. Ela tem o Espírito Santo (João 14:7), cuja função é guiar a Igreja em toda a verdade, anunciar o que há de vir, bem como glorificar e anunciar tudo o que diz respeito a Cristo (João 16:13,14). Por isso, não pode haver qualquer outro "mensageiro" divino além da Igreja enquanto durar esta dispensação. Quando os cristãos têm consciência que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passam a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente, que é membro do corpo de Cristo em particular (1Co 12:27). Assim, tudo quanto fizermos nesta vida, em qualquer setor ou aspecto, deve levar em consideração, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça (Mt 6:33
E DEU DONS AOS HOMENS"



LEITURA BÍBLICA : Rm 12.3-8; I Cor 12.4-7



I - INTRODUÇÃO:


DONS - É a capacidade dada pelo Espírito Santo, visando ao ministério. São aptidões sobrenaturais superiores aos talentos naturais. Em alguns casos, porém, podem resultar da dinamização espiritual das habilidades naturais de uma pessoa.

II - OS DONS ESPIRITUAIS SÃO ATUAIS E BÍBLICOS:

Dons espirituais são dotações sobrenaturais do ESPÍRITO SANTO sobre o crente, capacitando-o para glorificar a CRISTO e realizar a obra de DEUS.

Não há nenhuma evidência no Novo Testamento de que os dons espirituais foram restritos à era apostólica, nem que eles sejam habilidades naturais aos mais inteligentes, ou mesmo que sejam tão santos em si a ponto de ninguém se achar em condição de recebê-los. Noutras pa­lavras: os dons do Espírito Santo são habilidades divinas destinadas a todos os crentes e em todas as épo­cas, até se consumar o arrebata­mento da Igreja.

A compreensão da atualidade dos dons do Espírito Santo deverá nos conduzir a uma série de assun­to na primeira carta de Paulo aos coríntios, considerando os seguintes pontos:

(1) - OS CRENTES NÃO DEVEM IGNORAR OS DONS ESPIRITUAIS - (I Cor 12:l) - Se queremos ser sinceros e realistas, te­mos de admitir a ignorância que a grande maioria dos membros das Igrejas pentecostais tem quanto a este assunto. Na verdade temos vis­to com tristeza muitos ministros di­tos "pentecostais" combatendo mais do que promovendo o conheci­mento dos dons espirituais.

É certo que existem exageros. Mas é devido à ausência de ensino siste­mático sobre o assunto. Todos os membros de nossas Igrejas merecem e precisam o que de melhor existe em termos de ensinamentos acerca dos dons espirituais.

(2) - OS DONS SÃO UMA CONCESSÃO DO ESPÍRITO SANTO - I Cor 12:7 - A torneira não pode dizer de si mesma: "Eu produzo água", pois seria uma inverdade. Quem produz água é a fonte. A torneira é apenas o canal através do qual flui a água.

Os dons são do Espírito Santo, e, através deles, o Espírito opera em quem quer, como quer, quando quer e onde quer, com a finalidade precípua de edificar a Igreja, o corpo vivo de Cristo.

(3) - OS DONS ESPIRITUAIS VISAM A UNIDADE DA IGREJA - I Cor 12:25-26 -No corpo de Cristo, nenhum de seus membros tem o seu valor resultante dalgum padrão de comparação. Uma vez que cada membro tem sua função específica, todos têm valor próprio dentro da escala de valores divinos. Deste modo ninguém tem maior valor do que o outro só porque tem um dom a mais ou um dom diferente. Para que haja operação na edificação da Igreja, os dons espiri­tuais comunicam primeiramente a ideia de unidade. Não é assim que funciona um corpo humano saudá­vel?

(4) - OS DONS ESPIRITUAIS DEVEM SER BUSCADOS COM ZELO - I Cor 12:31 - Parte do valor daquilo que desejamos e buscamos é proporcio­nal a quanto em dinheiro e em es­forços estamos prontos a dar para conquistá-lo. De igual modo aconte­ce com respeito à busca dos dons es­pirituais. Se eles têm algum valor para nós, devemos buscá-los com zelo, com empenho através duma vida de constante comunhão com Deus e de submissão total ao senho­rio de Jesus Cristo - I Pe 3:15.

(5) - OS DONS ESPIRITUAIS DEVEM SER EXERCITADOS COM AMOR - I Cor 13 - O elemento aferidor da espiritualidade do crente é o amor e não quantas vezes ele fala em línguas por dia ou quantas profecias ele tem por semana. Se faltasse o amor tudo isto "seria como o metal que soa ou como o sino que tine... nada seria... nada disso me aproveitaria" - I Cor 13:1-3.

Para muitos pentecostais os dons espirituais são tudo; o amor não passaria dum adereço, um en­feite na sua roupa de festa. Mas, qual não será a surpresa daqueles que no dia do ajuste de contas final, ao dizerem a Jesus: "Senhor, Se­nhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsa­mos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?" - hão de ouvir da parte do Senhor: "Nun­ca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt 7.22,23).

III - PEQUENA ANÁLISE DOS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS:

Temos na Bíblia a descrição dos:

(1) - DONS DA GRAÇA OU DE SERVIÇO - Rm 12:6-8:

(1.1) - PROFECIA - É uma palavra do Senhor dada por intermédio de um membro de Seu corpo, inspirada pelo Espírito de Deus e concedida para a edificação, exortação e consolação do restante do corpo (At 21:8-11 ). Se alguém posuir este dom, deve exercê-lo não em arrogante asserção própria ou com o vão esforço de ser original, mas dentro dos limites de sua própria crença e de acordo com a fé que Deus lhe concedeu.

(1.2) - MINISTRAR - "Ministrar" ou "ser­vir" é a disposição, capacidade e poder, dados por Deus, para alguém servir e prestar assistência prática aos membros e aos líderes da igreja, a fim de ajudá-los a cumprir suas responsabilidades para com Deus (cf. At 6.1-3).

(1.3) - ENSINAR - é a disposição, capacidade e poder dados por Deus para o crente examinar e estudar a Sua Palavra, esclarecendo, expondo, defendendo e proclamando suas verdades de tal maneira que outras pessoas cresçam em graça e em piedade (l Co 2.10-16; l Tm 4.16; 6.3; 2 Tm 4:1-2)

(1.4) - EXORTAR - é a disposição, capacidade e poder dados por Deus, para o crente proclamar a Palavra de Deus de tal maneira que ela atinja o coração, a consciência e a vontade dos ouvintes, estimule a fé, produzindo nas pessoas uma dedicação mais profunda a Cristo e uma separação mais completa do mundo (ver At 11.23; 14.22; 15.30-32; 16.40; l Co 14.3; l Ts 5.14-22; Hb 10.24,25).

(1.5) - REPARTIR - é a disposição, capacidade e poder, dados por Deus a quem tem recursos além das necessidades básicas da vida, para contribuir livremente com seus bens pessoais, para suprir necessidades da obra ou do povo de Deus (2 Co 8.1-8; Ef 4.28). Quem possui este dom, torna-se apto para a obra de proporcionar ajuda aos necessitados.

(1.6) - PRESIDIR - é a disposição, capacidade e po­der dados por Deus, para o obreiro de liderar, pastorear, conduzir e administrar as várias atividades da igreja, visando ao bem espiritual de todos (Ef 4.11,12; l Tm 3.1-7; Hb 13.7,17,24).

(1.7) - MISERICÓRDIA - é a disposição, capacidade e poder da­dos por Deus para o crente ajudar e consolar os neces­sitados ou aflitos. É conferido ao portador deste dom o espírito de alegria pura, de júbilo intenso e de vivacidade animosa que o qualifica especialmente para a visitação aos enfermos e aos pobres e acabrunhados (cf. Ef 2.4).

(2) - DONS ESPIRITUAIS - I Cor 12:8-11 - Para uma melhor didática, os dons espirituais são subdivididos em DONS DE REVELAÇÃO; DONS DE PODER e DONS DE INSPIRAÇÃO.

(2.1) - DONS DE REVELAÇÃO - Revelam algo oculto ou desconhecido sobrenaturalmente.

(2.1.1) - PALAVRA DA SABEDORIA - "Palavra" significa pequena parte da sabedoria de DEUS; acontecimento futuro; só DEUS sabe; tem a ver com onisciência.

(2.1.2) - PALAVRA DO CONHECIMENTO ou DA CIÊNCIA - "Palavra" significa pequena parte do conhecimento de DEUS, revelação de coisa conhecida (pode ser coisa conhecida por pessoas em outra parte ou localidade, que é revelada aqui onde estamos); tem a ver com onipresença.

(2.1.3) - DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS - Saber de onde vem e o que está operando numa pessoa. Este dom pode revelar ao povo de Deus cheio do Espírito a origem de qualquer manifestação sobrenatural.

(2.2) - DONS DE PODER - Dão poder para se fazer algo sobrenatural.

(2.2.1) - DOM DA FÉ - É um dom do Espírito para que o crente possa RECEBER milagres. É acreditar que o impossível de acontecer já aconteceu.

(2.2.2) - DONS DE CURAS - No grego original, cada vez que esse dom de poder é mencionado, tanto a expressão "DONS" quanto a expressão "CURAS" ficam no plural: DONS DE CURAS. Não existe, portanto, "o dom da cura"; "dons de cura"; "dom de curar"; etc. O propósito do Dons de Curas é libertar os enfermos e destruir as obras do diabo no corpo humano.

(2.2.3) - DOM DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS - Também é denominado de Dom de Operação de Milagres, Dom de Operações Milagrosas ou Dom de Poderes Milagrosos. É um dom do Espírito Santo, dado ao servo de Deus para que este possa OPERAR MILAGRES.

(2.3) - DONS DE INSPIRAÇÃO, ou DA FALA, ou de EXPRESSÃO VOCAL ou de ELOCUÇÃO - São os dons que DIZEM algo de sobrenatural.

(2.3.1) - DOM DE PROFECIA - É uma expressão vocal inspirada e sobrenatural num idioma conhecido. Pode vir de 3 fontes: Deus, homem e satanás.

(2.3.2) - DOM DE LÍNGUAS ou VARIEDADE DE LÍNGUAS - É a expressão vocal mediante o Espírito Santo, em idiomas nunca aprendidos pela pessoa que fala, não compreendidos pela pessoa que fala, nem, necessariamente, sempre compreendidos pelos ouvintes.

(2.3.3) - INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS - É a revelação sobrenatural pelo Espírito Santo do significado de uma expressão vocal em outras línguas. Não é TRADUÇÃO das línguas; É INTERPRETAÇÃO DAS LÍNGUAS, isto é, REVELAÇÃO sobrenatural, pelo Espírito de Deus, do significado daquilo que foi dito em línguas. Este dom não entra em operação A NÃO SER SE O DOM DE LÍNGUAS TENHA ESTADO EM OPERAÇÃO.

(3) - DONS MINISTERIAIS (Ef 4.10-15) - Estes versículos alistam os dons de ministério, isto é, líderes espirituais dotados de dons, que cristo deu à Igreja. Paulo declara que o Senhor deu estes dons para preparar o povo de Deus ao trabalho cristão e para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Deus, segundo o plano de Deus - Ef 4.12-16.

(3.1) - APÓSTOLO - Significa enviado. É aquele que lança os fundamentos da vida da Igreja e atualmente trabalha edificando-a.

(3.2) - PROFETA - Pessoas que recebem uma mensagem específica de Deus, diretamente ou mediante Sua Palavra. O ofício do profeta existe, não para acrescentar outra verdade que não tenha base nas Escrituras, mas para edificar, exortar e consolar nas verdades já reveladas na Bíblia.

(3.3) - EVANGELISTA - A definição mais óbvia é Pregador do Evangelho. O Evangelista é enviado pela Igreja, para sair em busca dos perdidos, levando-os ao conhecimento de Jesus como Salvador e traze-os à casa do Pai Celestial para que os pastores e mestres possam desenvolver os seus ministérios.

(3.4) - PASTORES - No grego, o real significado é GUARDADOR DE OVELHAS. O ministério pastoral inclui outros títulos que representam a mesma função de pastor, tais como ancião, presbítero e bispo.

(5) - MESTRES ou DOUTORES ou ENSINADORES - Até certo ponto, o pastor tem um ministério acompanhado do ensino. Ele pode exercer as duas funções. Entretanto, a função de MESTRE é específica no ministério cristão, que é ensinar a Palavra de Deus de forma lógica.

IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Ninguém deve esperar possuir todos os talentos e realizar toda a obra necessária à vida da Igreja. Como no corpo humano, há muitos membros, cada um com sua função especial, da mesma forma todos os crentes, em razão de sua relação comum para com Cristo, formam um corpo no qual cada membro tem um papel definido a cumprir e uma obra especial a realizar. Os dons conferidos aos membros devem ser exercidos não com vistas a alcançar louvor ou a satisfazer a vaidade própria, mas ao benefício do corpo inteiro.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A PONTE...

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Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.    JOÃO 3:16

segunda-feira, 11 de junho de 2012

CORPUS CHISTI




Dia de Corpus Christi. O que é isto? A tradução literal da expressão latina é "Corpo de Cristo". Refere-se a uma solenidade Cristã celebrada anualmente na primeira quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade, para comemorar a eucaristia. A celebração do Corpus Christi acontece na igreja latina desde o século XIII. A primeira pessoa a pensar em uma festa especial para o sacramento eucarístico foi Santa Juliana (1193-1258), freira do convento agostiniano de Monte Cornillon, na Bélgica. Juliana compartilhou sua ideia com Robert de Thorete, então bispo de Liége, e com Jacques Pantaleón, que mais tarde seria o Papa Urbano IV. Como no regime católico de administração eclesiástica os bispos têm autoridade para ordenar a celebração de festas em suas dioceses, ele convocou um sínodo em 1246, e ordenou que a celebração acontecesse no ano seguinte. O bispo Robert morreu antes disto, mas a festa foi realizada assim mesmo. Em 1264 o Papa Urbano IV publicou a bula “Transiturus”, na qual ordenava a celebração da festa de Corpus Christi em todo o mundo (e não mais apenas na diocese de Liége). Aos poucos a festa passou a ser celebrada: Colônia (1306), Worms (1315), Strasburg (1316). Desde então, tem sido celebrada em todo o mundo católico .

A pergunta inevitável que surge é: se a festa se refere à instituição da eucaristia por Jesus na noite da quinta-feira que antecedeu sua crucificação (cf. Mt 26:17-30; Mc 14:17-26; Lc 22:7-20), por que é celebrada depois da Semana Santa? O argumento de Urbano IV na já citada “Transitorus” é que na Semana Santa os fiéis devem estar com suas mentes voltadas para a reflexão nos acontecimentos da Paixão propriamente, e por isso, podem acabar perdendo de vista a importância e o significado do evento da quinta-feira. Para evitar que tal acontecesse, a celebração da instituição da eucaristia por Jesus foi deslocada para um período posterior.

“Corpus Christi” é, portanto, uma tradição católica ocidental. O protestantismo e o cristianismo ortodoxo oriental não têm nada que seja similar. Mas a celebração desta festa faz pensar em algo importante, a celebração da eucaristia por Jesus e seu significado. Toda a cristandade tem no partir do pão e no beber do cálice seu ritual mais significativo. Todavia, ao mesmo tempo, muita discussão tem havido em torno do significado deste ritual, que é expressão de fé, e não meramente uma parte da liturgia. Afinal de contas, o que Jesus quis dizer quando afirmou "isto é meu corpo"? A tradição católica, trabalhando com categorias filosóficas tomadas de empréstimo da filosofia aristotélica, entende as palavras de Jesus em sentido literal. Ou seja, conforme o catolicismo, no momento da consagração dos elementos da ceia – o pão e o vinho – acontece uma mudança, não nos acidentes do elemento pão e do elemento vinho (cor, textura, sabor, odor), mas na “substância” destes, ainda que isto seja imperceptível aos sentidos humanos. A esta compreensão dá-se o nome de “transubstanciação”, que significa literalmente "mudar de substância".

A Reforma Protestante no século XVI apresentou compreensões diferentes. Lutero, que fora monge agostiniano, sempre teve a celebração da ceia do Senhor na mais alta conta. Ele divergia da compreensão católica tradicional, mas afirmava que, de alguma maneira, o próprio Jesus se faz presente no momento da ceia, “junto com”, “em com” “e sob” o pão e o vinho. A esta compreensão dá-se o nome de “consubstanciação”, que significa literalmente "com a substância". Na verdade, bem antes de Lutero houve quem entendesse a eucaristia em termos de consubstanciação. Mas o catolicismo tradicional rejeitou esta compreensão.

Zuínglio, contemporâneo de Lutero, iniciador do segmento protestante conhecido como "Reforma Reformada" (que teve mais tarde em João Calvino seu nome mais conhecido) divergiu das duas interpretações até agora citadas. Para Zuínglio as palavras de Jesus ditas por ocasião da última ceia devem ser entendidas de modo figurado, simbólico, e nunca de um modo literal. Portanto, para aquele reformador suíço, o pão e o vinho simplesmente simbolizam o corpo de Jesus morto na cruz e seu sangue derramado.
Carlos Jeremias Klein, pesquisador brasileiro e pastor da Igreja Presbiteriana Independente, em seu livro “Os sacramentos na tradição reformada” (São Paulo, Fonte Editorial, 2005), mostra como a maioria absoluta dos evangélicos no Brasil, pentecostais e não pentecostais, entende a ceia de maneira apenas simbólica.

O já citado João Calvino contribuiu para o debate com outra perspectiva. Para Calvino, no momento da eucaristia Jesus se faz presente de maneira real, não nos elementos em si, mas no coração dos fiéis. Esta é a “presença real” de Jesus na ceia. A compreensão de Calvino talvez seja uma via média entre a compreensão de Lutero e de Zuínglio. No entanto, é desconhecida da maioria dos membros, e mesmo pastores, de igrejas de tradição calvinista propriamente.

Ninguém pode negar a importância da ceia. Ninguém pode negar a importância desta celebração na caminhada cristã. Ninguém pode negar a presença de Jesus Cristo na vida dos que crêem. Não como um ritual mágico, para garantir sorte ou prosperidade. Mas como um momento de renovação de forças para continuar na jornada da fé, do amor e da esperança, no seguimento daquele que se deu por nós, para nossa salvação.

• Carlos Caldas é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo.
As informações históricas foram extraídas do verbete "Feast of Corpus Christi" da "The Catholic Encyclopedia".

Fonte: http://www.ultimato.com.br