segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A sexualidade à luz da Bíblia


Este artigo do autor: Cláudio Lysias Costa Vieira. Presbítero em disponibilidade na Igreja Presbiteriana do Piracicamirim, em Piracicaba, SP. Regente do coro e do conjunto masculino da igreja. Será dividido em duas partes.

I. Parte

I. A ATIVIDADE SEXUAL NA NATUREZA:

Sua finalidade é garantir a manutenção das espécies de seres vivos. É por isso que o impulso sexual é algo tão forte. A energia sexual é seguramente a energia biológica mais poderosa que existe, pois é através dela que nos tornamos parceiros de Deus no processo da Criação. É a única energia natural capaz de gerar Vida (Gn. 1.22,28).

O Sexo na espécie humana e nas demais espécies de seres vivos: a diferença está no fato de que o ser humano é o único animal que usa o sexo não só para procriar, mas como fonte de prazer e expressão de amor. Grifamos a conjunção "e" para realçar o fato de que as duas coisas vêm necessariamente juntas: à luz da Palavra de Deus, o sexo apenas como fonte de prazer torna-se pecaminoso, como veremos no decorrer do estudo.

1. O plano de Deus para a sexualidade humana: à luz de (Gn. 2.24 e Mt. 19.3-11), compreendemos que o plano de Deus é que o ser humano exerça sua sexualidade no plano de companheirismo entre o homem e a mulher numa parceria de vida, e não só de sexo. Uma união tão completa que torna dois indivíduos de sexos opostos partes de uma unidade que, idealmente, deve ser indissolúvel (I Co. 7.4).

A importância que a Bíblia dá à relação sexual fica clara no texto de (Co. 6.16,) onde podemos perceber que o vínculo criado por esse relacionamento é intenso, mesmo quando exercido de modo leviano e irresponsável. A intimidade compartilhada gera uma espécie de compromisso implícito, que a qualquer momento pode surgir na forma de cobranças afetivas ou materiais.

2. Erotismo x Pornografia: Há uma diferença básica entre estas duas palavras, embora elas venham sendo usadas hoje em dia praticamente como sinônimos. Erotismo é o conjunto de sensações e impulsos que nos impelem à atividade sexual. Dentro de um relacionamento sexual sadio, os estímulos eróticos, como beijos e carícias, fazem parte do "jogo do amor", e levam a sensações e experiências muito agradáveis.

Pornografia, por outro lado, é o mau uso do erotismo, levando a práticas sexuais erradas e pervertidas: o estímulo à prostituição, ao homossexualismo, etc. A confusão de erotismo com pornografia tem levado muitos crentes a deixarem de exercer e aproveitar as práticas eróticas normais, como se o erotismo em si mesmo fosse pecaminoso. Ver (I Tm. 4.1-5 e Tt. 1-15).

A este respeito, citamos Robinson Cavalcanti em seu livro Libertação e Sexualidade:

"O que pode o ser humano fazer com a sua sexualidade?

a) Realizá-la: de forma estável, comprometida e heterossexual (ideal) - o que nem sempre é possível, por fatores interiores ou alheios à vontade (falta de condições, falta de parceiros, etc.); de forma instável, não comprometida ou mecânica com relacionamentos heterossexuais sucessivos e superficiais; de forma homossexual, instável ou estável, o que não é recomendável; de forma isolada pela masturbação.

b) Reprimi-la: violentando a natureza, o que traz conseqüências negativas;

c) Sublimá-la: canalizando a libido para atividade alternativas e compensatórias, de forma temporária ou permanente, quando possível. A culpa é um ponto de encontro entre a Teologia e a Psicologia. A Graça pode ser outro ponto de encontro, que substitui o anterior. A culpa, quanto à sexualidade, tem afetado a saúde mental de milhares de pessoas, inclusive cristãs. De onde, então, pode se originar o sentimento de culpa?

d) do Espírito Santo, quando nos procura convencer "do pecado, da justiça e do juízo", sintonizado com a Palavra e impelindo à Graça, ao perdão e à restauração;

e) do maligno, quando, até usando a Palavra, procura manter as pessoas derrotadas, presas, auto-destruídas;

f) da cultura, das tradições, dos ambientes, que alimentam negativamente o nosso superego.

Devemos, também, procurar distinguir o pecado da mera tentação, pois a tentação é parte do dia-a-dia da humanidade, e o próprio Senhor foi tentado.

A Igreja, como comunidade terapêutica, deve ser ministradora da Graça, visando o perdão e a restauração, visando a construção e a maturidade, visando a santidade e a sanidade, o que implica na aceitação do outro e no exercício do amor. O amor é o maior canal da Graça."

3. Há erotismo na Bíblia? Leia-se (Pv. 5.15-20; Ct. 1.2; 4.10,11; 7.9-12). É fácil perceber, por estas passagens, que o erotismo é parte natural e agradável da vida humana, em nada afastando o Homem do seu Criador. Podemos notar, por esta primeira parte do estudo, que a sexualidade e o erotismo são bênçãos que Deus nos dá, e não pecados em si mesmos. Como, então, a sexualidade pode se tornar um fator de afastamento de Deus?

II. COMPORTAMENTO SEXUAL FORA DO PLANO DE DEUS

Procedimentos "normais":do ponto de vista exclusivamente biológico (ou seja, envolvendo duas pessoas de sexos opostos, numa relação pênis/vagina); podemos analisar dois tipos de situação:

a) Relações sexuais antes do compromisso conjugal: quando o casal ainda não tem condições de maturidade, estabilidade financeira e psicoafetiva, quando ainda não é possível assumir um com o outro o compromisso de parceria de vida, e não só de sexo. Este tipo de situação ocorre para adquirir experiência: o jovem ou adolescente acha que precisa aprender antes de comprometer-se com o (a) futuro (a) companheiro (a); por amor, entre namorados. Neste caso, freqüentemente há o compromisso afetivo mas não existem condições de se assumir o compromisso conjugal.

O casal sente que "um pertence ao outro", e a atração é muito forte, e sempre muito difícil de resistir. A Palavra de Deus adverte expressamente contra a prática do ato sexual sem o compromisso conjugal. Ver (Dt. 22.20,21,28 e 29). No segundo livro de Samuel, no capítulo 13, há a história de Amnom e Tamar (ambos filhos de Davi, mas de mães diferentes), em que Amnom sente fortíssima atração pela meia-irmã, e a seduz. O relato bíblico diz que "Depois Amnom sentiu por ela grande aversão, e maior era a aversão que sentiu por ela, que o amor que ele lhe votara". Este é um fato comum: um dos parceiros passa a desprezar o outro (mais freqüentemente o rapaz despreza a moça), e o relacionamento, inicialmente bonito, correto e saudável, dá lugar a tristeza, humilhação e sofrimento.

Como resistir? A receita bíblica é o autocontrole, fruto do Espírito: (I Ts. 4.3-8; I Co. 13.7; Gl. 5.23.) Ver também a advertência aos jovens, em : (Ec.11.9. )

b) Relações sexuais extraconjugais: o adultério: a Bíblia proíbe expressamente a prática do adultério, sendo esta proibição um dos dez mandamentos (Ex. 20.14). Na lei mosaica, este pecado era punido com a pena de morte (Dt. 22.22-27). Salomão, no livro dos Provérbios, adverte contra esta prática: (Pv. 7.7-23).

É comum o adúltero achar que pode justificar-se argumentando que a atração que sente pela outra (ou o outro, no caso da mulher) surgiu como uma coisa espontânea, "honesta", até bonita. Isto é uma ilusão. Há no adultério uma dupla deslealdade: para com o cônjuge, que está sendo traído, e para com o companheiro ou companheira clandestina, com quem não se pode assumir nenhum compromisso definitivo, a não ser à custa de romper o vínculo com o parceiro original.

A gravidade do adultério como pecado compreende-se claramente pela importância que Jesus lhe dá: na ótica do Mestre, é a única justificativa aceitável para o processo de divórcio (Mt. 19.9).

c) O incesto, ou relação sexual entre parentes íntimos: Também é expressamente reprovado na instrução dada por Deus a Moisés (Lv. 18.6-16).

c) Relações sexuais sem amor: sem comprometimento mútuo, pelo simples prazer, ou em troca de dinheiro ou favores especiais (por interesse). No primeiro caso, falamos em fornicação, e no segundo, em prostituição. Desvios ou aberrações do comportamento sexual: Já mencionamos acima que a relação sexual normal do ponto de vista biológico envolve duas pessoas de sexos opostos, sexualmente maduras, isto é, cujo organismo está pronto para o ato da procriação. Qualquer relação fora deste padrão já não envolve apenas questões éticas, mas sim condições patológicas: doenças da mente e do espírito. Em (Lv. 18.22,23, e Rm. 1.26,27), compreendemos a gravidade deste tipo de comportamento.

Continua na parte II.......

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