sábado, 9 de abril de 2011

Menino religioso foi o único a ter a clemência de atirador.

Mateus Moraes 13 anos, membro da Igreja Assembleia de Deus

Na quinta-feira (7), por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 24 anos sacou a arma e começou a ameaçar os estudantes.

Segundo testemunhas, o ex-aluno da escola queria matar apenas as virgens. Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orienta como quer ser enterrado e deixa sua casa para associação de proteção de animais.

O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.

Doze estudantes morreram --dez meninas e dois meninos-- e outros 13 ficaram feridos no ataque. Dez ainda estão internados.

Na sexta (8), 11 vítimas foram sepultadas nos cemitérios da Saudade, Murundu e Santa Cruz. Já no sábado pela manhã, o corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, 13, o último a deixar o Instituto Médico Legal (IML), foi cremado no crematório do Carmo, no centro do Rio.

Mateus Moraes, 13 anos, orou, pediu para não ser morto e ouviu do assassino dos colegas: 'Fica tranquilo, que não vou te matar'

Mateus Moraes, 13 anos, foi talvez o único aluno que teve a clemência do atirador Wellington Menezes, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. Enquanto o criminoso disparava, frio e impassível contra seus colegas, Mateus orava perto do quadro negro, sem ser incomodado, na sala 1801, no primeiro andar do prédio da escola.

“Eu estava em pé e era um dos mais nervosos. Pedi para ele não me matar, e ele disse: ‘Fica tranqüilo, gordinho, que não vou te matar.’ E não atirou em mim”, contou o menino.

Uma possível explicação, acredita Mateus, é o fato de que ele ficou o tempo todo orando. Fiel da Igreja Assembleia de Deus, o menino atribui a uma força superior o fato de ter saído vivo do ataque. “Deus me protegeu.”

O atirador andava calmamente pela sala, disparando contra as crianças, principalmente na cabeça e no tórax.

De acordo com a Polícia Militar, Wellington invadiu a instituição de ensino por volta das 8h e disparou contra alunos. A direção da escola informou que o homem - que era um ex-aluno - se passou por um palestrante para entrar na instituição de ensino.

Ao chegar ao local, primeiro ele teria procurado uma professora que já tinha lhe dado aula no passado. Como não a encontrou, subiu para o primeiro andar, foi em duas salas do oitavo ano do Ensino Fundamental e efetuou disparos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualificou como barbaridade o massacre ocorrido quinta-feira na Escola Municipal Tasso da Silveira, na zona oeste do Rio de Janeiro. Para Lula, o responsável pela morte de 11 crianças, Wellington Menezes de Oliveira, seria "psicopata", porque o crime foi ato premeditado.

"Isso é uma coisa impensável. Não posso imaginar que um ser humano tenha coragem de sair de casa e praticar uma barbaridade dessas

Na avaliação do ex-presidente, o acontecimento seria um reflexo de problemas de ordem de valores, na estrutura familiar. "É preciso pensar um pouco o que está acontecendo com a juventude. É preciso repor as esperanças", disse Lula, lembrando que as pessoas sempre acreditaram que esse tipo de ato acontecesse somente nos Estados Unidos. "Mas agora isso acontece em várias partes do mundo".

Apesar do fato, Lula afirmou que o mundo "tem mais gente boa do que ruim". "Vamos trabalhar para aumentar o número de pessoas boas e de boa fé", concluiu.


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