Éfeso, a igreja do amor
esquecido
LEITURA BÍBLICA: Apocalipse 2.1-7.
Introdução
Em toda a Ásia Menor, não havia igreja mais obreira, dinâmica e
ortodoxa do que a de Éfeso. O seu preparo teológico era tão sólido, que o seu
pastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap
2.2). Éfeso era a igreja apologética por excelência. Ela destacava-se também
por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansão do Reino de Deus.
Até o próprio Cristo elogiou os efésios. Eles eram uma referência em
toda aquela região. Apesar de todas as suas inegáveis virtudes e qualidades,
havia um sério problema com Éfeso. Se ela, porém, se dispusesse a resolvê-lo
seria uma igreja perfeita.
I. ÉFESO, UMA IGREJA SINGULAR
1. Paulo em Éfeso. O Evangelho
chegou a Éfeso, a mais notável metrópole da Ásia Menor, durante a segunda
viagem missionária de Paulo (At 18.19). Mas a igreja só viria a florescer entre
os efésios a partir da terceira viagem do apóstolo. A chegada do Reino de Deus
à cidade foi acompanhada por um grande avivamento. Houve batismos com o
Espírito Santo, curas divinas e não poucas conversões (At 19).
2. A solidez doutrinária de Éfeso. O preparo bíblico e teológico de
Éfeso era singular. Afinal, tivera o privilégio de ter como pastor, durante
três anos, o maior teólogo do Cristianismo (At 20.31). Durante esse tempo,
Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20.27). Pode haver um curso bíblico
mais completo? E a epístola que o apóstolo lhes enviou? (Ef 1.1-5). Aqueles
cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus.
3. Uma igreja de ministros excelentes. Além de Paulo, a igreja em
Éfeso foi pastoreada, também, por Timóteo e Tíquico. Dizem alguns estudiosos
que o seu púlpito teria sido ocupado, ainda, por João, o discípulo amado. Os
obreiros que por lá passaram eram de comprovada excelência. Que outra igreja,
excetuada a de Jerusalém, desfrutou de mais privilégios? No entanto, conforme
já dissemos, havia um sério problema com Éfeso.
II. O PROBLEMA DE ÉFESO
1. Um grave problema. Sim, havia
um sério problema com a igreja em Éfeso. A sua lua de mel com o Senhor Jesus
havia chegado ao fim. E ela não o percebera. Já não se lembrava do amor —
primeiro e belo — que dedicara ao Cordeiro de Deus. Não agira assim Israel em
relação a Jeová? (Jr 2.1-13). No entanto, não podemos evitar a pergunta: Se ela
foi, de fato, pastoreada pelo discípulo do amor, como veio a esquecer-se,
justamente, do primeiro amor?
2. O primeiro amor. Não sei como definir o primeiro amor, mas posso
senti-lo. Para mim, é a alegria da salvação que o salmista temia perder (Sl
51.12). Sim, uma alegria que nos impulsiona a declarar toda a nossa afeição a
Deus: “Amo o Senhor” (Sl 116.1). O primeiro amor é o enlevo que, no início, fez
com que os efésios vivessem nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Ef 1.3). É
também a disposição que leva o obreiro a semear, num misto de lágrimas e
júbilo, a preciosa semente do Evangelho (Sl 126.5).
3. Amnésia do amor. Sendo o primeiro amor tão sublime e inefável, pode
alguém vir a esquecê-lo? Apesar de Éfeso ainda entregar-se denodadamente à obra
de Deus, não mais se entregava amorosamente ao Deus da obra. Embora teológica e
biblicamente ortodoxa, já não conservava o ardor daquele sentimento que, um
dia, fez a Sulamita palpitar pelo esposo: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é
meu; ele se alimenta entre os lírios” (Ct 6.3). Era-lhe, urgente, pois, voltar
ao primeiro amor.
III. VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR
Esquecer o primeiro amor não é
incidente teológico, é queda espiritual. Semelhante pecado demanda contrição e
arrependimento. Por isso, o Senhor Jesus insta, junto ao pastor em Éfeso, a que
volte de imediato ao primeiro amor.
1. Rica em obras, pobre em amor. Apesar de já não se lembrar do
primeiro amor, Éfeso ainda era rica em obras. Aliás, o próprio Cristo
realçou-lhe esta característica (Ap 2.2). No entanto, já não praticava as obras
que a haviam distinguido no início da fé: o amor que santificara ao Senhor
Jesus. Sim, a igreja em Éfeso era rica em obras e paupérrima em amor.
Se as obras sem a fé nada são, o que delas resta sem o amor? Até mesmo
o auto-sacrifício sem amor nada é, conforme destaca o apóstolo Paulo: “E ainda
que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me
aproveitaria” (1 Co 13.3).
2. Amar é a mais elevada das obras. Não há obra tão elevada como amar
a Deus: “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu poder.” (Dt 6.5). Há crentes que se limitam a amar as
bênçãos. Há outros que, mesmo sem as bênçãos, amam o abençoador. Que belo
exemplo temos em Habacuque (Hc 3.17,18).
IV. LEMBRANDO SE DO PRIMEIRO AMOR
Como voltar ao primeiro amor? A
resposta vem do próprio Cristo: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e
arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e
tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5).
1. Lembrar-se de onde caiu. A Bíblia exorta-nos a lembrar-nos de Deus,
porque Ele jamais se esquece de nós (Ec 12.1; Is 44.21; 49.15). O cristão,
infelizmente, corre o risco de esquecer-se daquEle que se esquece somente de
nossos pecados (Hb 8.12). Não é constrangedor esquecer o nome de um amigo? No
entanto, se não formos diligentes, corremos o risco de não mais lembrarmos
daquele amigo que é mais chegado que um irmão (Pv 18.24).
2. Voltar à prática das primeiras obras. Se Éfeso já era rica nas
segundas obras, por que voltar à prática das primeiras? Nenhuma obra é completa
e perfeita sem o amor. É o que poetiza o apóstolo Paulo no décimo terceiro
capítulo de sua Primeira Epístola aos Coríntios. Leia atentamente esta
passagem; medite nela e, através dela, afira o seu amor. Veja se você ainda ama
o Cristo como Ele tem de ser amado. Ou será necessário que o próprio Senhor
pergunte-lhe: “Amas-me mais do que estes?” (Jo 21.15).
Se não devotarmos a Cristo o primeiro amor, como haveremos de ansiar
por sua volta? Talvez, o anjo de Éfeso já não almejasse o retorno do Senhor. O
ativismo acabara por matar-lhe o primeiro amor e o segundo também. Era-lhe
urgente e necessário, pois, não somente amar a Cristo como antes, como também
amar-lhe a vinda como nunca.
3. Amar a vinda de Cristo. Assim como o Cristo ama a Noiva e suspira
por sua chegada aos céus, também devemos nós, como o seu corpo místico, almejar
por sua vinda: “Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos os que amarem a sua vinda” (2 Tm 4.8). Você realmente ama a vinda de
Cristo? Em breve Ele voltará. Amém. Ora vem Senhor Jesus!
CONCLUSÃO
Sem amor não pode haver
Cristianismo. Sua base é o amor primeiro e belo do início de nossa fé. Um amor
que jamais deve morrer, mas renovar-se a cada manhã. Se você já não ama a
Cristo como antes, arrependa-se desse pecado grave e evite que as consequências
se agravem. Voltar ao primeiro amor não significa voltar à imaturidade
espiritual, mas ao ardor do início de nossa fé.
Lembre-se de onde caiu. Volte imediatamente ao primeiro amor. Rogue ao
Pai que o reconduza à sala do banquete, onde o Noivo está à nossa espera:
“Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte em mim era o amor” (Ct 2.4).
Fonte: www.ebdweb.com.br
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