Pérgamo, a igreja casada com o mundo
LEITURA BÍBLICA. Apocalipse 2.12-17.
INTRODUÇÃO
Primeiro, vieram os
discípulos de Balaão que, sob o manto de uma espiritualidade afetada e exótica,
logo acharam guarida na igreja em Pérgamo. Depois, chegaram os nicolaítas que,
embora atrevidos e afoitos, também não encontraram dificuldades para se
acomodar entre as pobres e desprotegidas ovelhas. Quando o ministério local deu
por si, já não havia mais nada a fazer: o terreno já estava tomado pelo
inimigo. E o pastor da igreja? Ele sabia que a situação era grave, mas não
ignorava o que acontecera ao seu antecessor. Ao reagir, o destemido Antipas foi
assassinado pelo grupo que sustentava o trono de Satanás naquela igreja.
As coisas, porém, não haveriam de continuar daquele jeito.
Já enojado, Jesus, através de João, envia uma carta ao anjo de Pérgamo,
urgindo-o a retomar o cajado e apascentar o rebanho de conformidade com a sã
doutrina. Caso contrário, o próprio Senhor batalharia contra aqueles iníquos
com a espada que sai de sua boca.
Como estão nossas igrejas? Será que, de alguma forma, não
permitimos que o Diabo se entronizasse entre nós e não o percebemos? É hora de
reagir contra o império das trevas.
I. PÉRGAMO, O TRONO DE SATANÁS
1. Pérgamo, a cidade
dos livros e da ignorância espiritual. Situada às margens do Caíco e distante
trinta quilômetros do Mar Egeu, Pérgamo era a mais importante metrópole da
Mísia. Cidade antiga e rica, fizera-se afamada por sua biblioteca, cujo acervo
chegou a ser estimado em duzentos mil volumes. De tal forma ela se achava
ligada aos livros, que o seu nome tornou-se sinônimo destes: pergaminho. Seus
operários sabiam como industriar a pele animal como suporte à escrita.
Como uma cidade tão rica em livros podia ser tão pobre
quanto ao conhecimento do verdadeiro Deus? Faltava-lhe a sabedoria do Livro dos
livros (Pv 1.7).
2. A Igreja em
Pérgamo. Pérgamo, em grego, significa casado. É bem provável que a Igreja de
Cristo haja sido implantada em Pérgamo quando da estadia de Paulo em Éfeso (At
20.31). Apesar de a cidade ser a guardiã do trono do próprio demônio, o Reino
de Deus prevaleceu em seus termos. Se o trono era do Diabo, o cetro estava nas
mãos de Cristo (Is 9.6).
II. A ESPADA DE DOIS
GUMES
1. A espada afiada de
dois gumes. A uma igreja casada com o mundo e que já se havia acomodado a duas
ardilosas heresias, apresenta-se Jesus como “aquele que tem a espada aguda de
dois fios” (Ap 2.12). Sim, contra as apostasias, só existe uma arma realmente
poderosa: a Bíblia Sagrada — a espada do Espírito Santo (Ef 6.17; Hb 4.12).
2. Manejando bem a espada do Espírito. Se temos semelhante
arma, combatamos as mentiras que nos chegam aos arraiais como verdades.
Cortemos pela raiz as heresias, misticismos e modismos que teimam brotar em
nossos campos. Nessa luta, porém, saibamos como manejar a Palavra de Deus:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).
Guerreemos contra as inverdades doutrinárias que o Diabo,
velada e abertamente, vem semeando na seara do Mestre (2 Pe 2.1).
III. O DESTINATÁRIO
1. Um anjo numa
cidade infernal. Não era nada fácil ao anjo de Pérgamo habitar nessa cidade. Se
por um lado, era coagido pelos pagãos a incensar o altar no qual César era
divinizado; por outro, era constrangido a conviver com o paganismo que, a
princípio sutil, ameaçava agora o remanescente fiel da igreja. Mas o Senhor
Jesus estava de tudo ciente: “Eu sei as tuas obras, e onde habitas, que é onde
está o trono de Satanás” (Ap 2.13). Denota-se, pois, que os crentes infiéis e
casados com o mundo, haviam entronizado Satanás na casa de Deus.
Pérgamo era uma cidade infernal, mas o Senhor queria o seu
anjo ali, para que ali fosse manifestado o Reino dos Céus.
O paganismo não ficou restrito a Pérgamo. Nestes últimos
dias, o Diabo vem repaganizando o mundo através dos meios de comunicação. Há um
panteão em cada praça.
2. O testemunho e a perseverança de um anjo. Embora
habitasse num lugar espiritual e moralmente hostil, o anjo da igreja em Pérgamo
porfiava em manter o seu testemunho, como realça o próprio Senhor. “[...]
reténs o meu nome e não negaste a minha fé” (Ap 2.13). Ele mantinha uma postura
impecável como servo de Deus. Se parte de sua igreja achava-se casada com o
mundo, ele e o remanescente fiel encontravam-se aliançados com o Cordeiro de
Deus.
3. Antipas, a fiel testemunha. Mui provavelmente, Antipas
havia precedido o destinatário da carta no pastorado de Pérgamo. E pelo que
depreendemos das palavras do Senhor, o fiel Antipas, cujo nome em grego
significa “contra todos”, levantara-se para combater os apóstatas que haviam
entronizado o Diabo naquela igreja. Por isso, ajuntaram-se todos para tirar-lhe
a vida, conforme denuncia Jesus: “o qual foi morto entre vós, onde Satanás
habita” (Ap 2.13).
Sim, Antipas não foi morto pelas autoridades romanas. Ele
foi morto pelos que se diziam irmãos. Por conseguinte, caberia ao atual anjo de
Pérgamo continuar a luta de Antipas. Levantar-se-ia ele contra os que detinham
a doutrina de Balaão e sustentavam o ensino dos nicolaítas.
IV. AS HERESIAS DE PÉRGAMO
1. Doutrina de Balaão. Ensino pseudobíblico que, torcendo as
Sagradas Escrituras através de artifícios teológicos e hermenêuticos, corrompia
a graça de Deus, apresentando aos santos uma teologia permissiva e eticamente
tolerante (Jd 4). O objetivo dessa doutrina era levar o povo de Deus à
prostituição e à idolatria, a fim de, enfraquecendo-os moral e espiritualmente,
extorquir-lhes os bens materiais. Era a teologia dos ladrões.
O patrono desta doutrina era Balaão, filho de Beor que,
embora profeta e teólogo, utilizou-se da profecia e da teologia para levar a
maldição ao arraial hebreu (Nm 25). Subornado por Balaque, rei de Moabe,
ensinou-lhe como levar a maldição às tendas hebreias. Por isso, o apóstolo
Pedro taxa-o de louco (2 Pe 2.15,16). E Judas acusa-o de venalidade (Jd 11).
Balaão tinha os seus discípulos em Pérgamo. Estimulados pela
ganância, utilizavam-se de sua influência teológica sobre a igreja, a fim de
levá-la a noivar-se com o mundo.
2. A doutrina dos nicolaítas. Não sabemos muita coisa acerca
dos nicolaítas. O que sabemos é que a sua doutrina não destoava quase nada do
ensino de Balaão. Pelo menos quanto ao conteúdo.
Se Balaão era dissimulado, sutil e teológico, os nicolaítas,
fazendo abertamente comércio dos santos, publicamente apregoavam a repaganização
da igreja, afirmando ser possível servir a Deus e aos ídolos. Utilizando-se de
um linguajar bem elaborado, levaram muitos fiéis a se desviarem pelos caminhos
da fornicação, do adultério e da idolatria.
CONCLUSÃO
Escrevendo aos filipenses, o apóstolo Paulo afirmou: “Mas a
nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo” (Fp 3.20). Embora o cristão não tenha como evitar o lado “temporal” da
vida, seu olhar deve fixar-se em sua redenção eterna. Jesus sabia da sedução que
os bens terrenos podem exercer sobre nós e por isso advertiu: “Porque onde
estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21). Por esse
motivo, coloquemos o Senhor Jesus sempre em primeiro lugar.
FONTE: www.ebdweb.com.br
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