TIATIRA, A IGREJA TOLERANTE
Leitura Bíblica: Apocalipse
2.18-25
Das sete cartas enviadas por JESUS às
igrejas da Ásia Menor, a de Tiatira é a mais extensa. A cidade de Tiatira não
era política e religiosamente importante. Sua singularidade residia no aspecto
comercial. Através da sua posição geográfica, o intercâmbio comercial da cidade
se dava entre Europa e Ásia. Mas, no entanto, a idolatria estava presente nessa
prática comercial. Os membros da igreja de Tiatira deveriam decidir o que fazer
nessas circunstâncias, já que muitos eram profissionais da área do comércio. Todavia,
a igreja de Tiatira não sofria perseguição religiosa; o perigo estava dentro da
própria igreja, e tinha um cognome: Jezabel; a mulher que sustentava o seguinte
ensino: Não havia problema de os cristãos amalgamarem-se com o pecado. É nessa
perspectiva cultural que se encontra a igreja de Tiatira. Jesus vê tudo e faz
uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor.
Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para
os discípulos dele, ele promete o dia de sua presença e o privilégio de reinar
com ele sobre os inimigos.
I. A IGREJA EM TIATIRA
1. A cidade de Tiatira. “Sacrifício de
Perfume”, isto é, repleta de muitos sacrifícios. Subindo de Éfeso, passando por
Esmirna, e agora tomamos a direção de Pérgamo para o sudeste, descendo um
pouquinho obliquamente desde o norte de Anatólia ou Turquia para o sudeste, a
cerca de 59 quilômetros, no fértil vale do rio Lico, na estrada que ia para
Sardes, ali estava a cidade histórica de Tiatira, nome antigo da moderna cidade
turca de Akhisar (”Castelo Branco”); pequena mas crescente e rica Tiatira,
colônia macedônica, fundada por Alexandre Magno, depois da destruição do
Império Persa. Era um importante centro comercial na Ásia Menor e foi fundada para
ser um posto militar. Foi destruída por um grande terremoto durante o reino de
Otávio Augusto (27 a.C.-14 d.C.), mas foi reconstruída com a ajuda do Império
Romano. Era famosa pelo seu comércio e por sua produção de têxteis, incluindo o
índigo (púrpura). Segundo o livro de Atos dos Apóstolos, uma das comerciantes
de roupas da cidade era uma mulher chamada Lídia, que conduzia negócios em
lugares distantes como Filipos (At 16.14). Na Antiguidade, a cidade era
conhecida pelas suas muitas guildas comerciais. E, para poder trabalhar no
comércio era necessário que o cidadão pertencesse a alguma guilda, sendo muito
comum que os membros dessas associações participassem de festas dedicadas às
divindades pagãs que terminavam geralmente em orgias sexuais. Como as outras
cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluindo
templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Artemis (Diana para os romanos -
At 19.34) e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras
femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de
Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a
prostituição. Essa profetisa incentivava as pessoas a conhecerem as “coisas
profundas de Satanás” (i.e., “os segredos profundos”; talvez se refiram ao
falso ensino de que, para experimentar plenamente a graça e a salvação divinas,
devemos penetrar nas profundezas do pecado e conhecer todos os tipos de males).
Para servir a Deus num ambiente cheio da influência do diabo, o discípulo de
Cristo teria que lutar e confiar em Deus, confiante da recompensa para os
vencedores.
2. A igreja em Tiatira. ”…
Ao anjo da igreja”. Não se sabe ao certo quem liderava aquela igreja nessa
época, a não ser aquilo que se depreende do texto de Apocalipse e daquilo que
está registrado em Atos acerca da conversão de Lídia, vendedora de púrpura, que
veio ao Evangelho através de Paulo, a qual era uma rica comerciante dessa
cidade (At 16.14). Da conversão de Lídia, que se deu provavelmente no ano 53 d.
C. à carta dedicada ao anjo da “igreja de Tiatira”: em 96 d. C., temos uma
distancia temporal de 33 anos. Acredita-se que tenha sido Lídia e seu esposo,
os iniciadores daquela igreja. SINOPSE DO TÓPICO (1) A igreja de Tiatira estava
localizada numa cidade progressista e comercial
II. A IDENTIFICAÇÃO DO DESTINATÁRIO
1. Filho de DEUS. Cristo, autor das
catas às igrejas, se apresenta nesta carta, falando de si mesmo como: “O Filho
de Deus”. Exaltando sua DIVINDADE. “Que tem seus olhos como chama de fogo”.
Exaltando sua ONIPRESENÇA. “E os pés semelhantes ao latão reluzente”. Esta
expressão é comum no Novo Testamento, especialmente nos escritos de João, como
descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos
de Deus (veja 21.7; 1 Jo 3.1,2,10; 5.2; Jo 1.12; etc.) Aqui, a expressão
obviamente se refere a Cristo. Dessa forma, O Cristo glorificado vai de
encontro com a principal divindade de Tiatira, Apolo (o Deus-Sol, filho de
Zeus). O sol era visto como sendo uma fonte de poder e os habitantes de Tiatira
acreditavam que cada novo imperador romano era uma forma de manifestação de
Apolo. Ao apresentar Jesus como Filho de Deus, João demonstra que Jesus é
superior a Apolo e que merecia não só a adoração feita a Apolo ou aos
imperadores, como muito mais devoção e respeito.
2. Onisciente. olhos como chama de
fogo: um local onde se trabalha com ferro, metais e bronze, a figura do fogo é
imprescindível para expressar o que consome todo e qualquer tipo de impureza e
deixar os metais limpos e flexíveis para o artífice. Como em Tiatira, Apolo
(Deus-Sol) era visto como uma enorme fonte de poder, João apresenta Jesus como
sendo superior e o que olha discernindo as impurezas e purificando não apenas
de forma bruta como de forma moral, o que é mais importante para os cristãos da
época. Jesus estava vendo e conhecia a postura dos cristãos daquela comunidade,
isto é, a vida espiritual de cada um.
3. Supremo Juiz. pés semelhantes ao
latão reluzente: por haver uma fábrica de bronze, os moradores sabiam como o
bronze ficava ao ser polido e pronto para o uso após passar pelo fogo. Por isto
João relata que Jesus além de discernir os pensamentos morais, tinha seus pés
para pisar e destruir o que não era do agrado de Deus e por ser um bronze
reluzente, isto é, polido todos o veriam e não teriam dúvidas que eram os pés
de Cristo porque podiam vê-los de longe. SINOPSE DO TÓPICO (2) JESUS se
apresenta a Tiatira como o chefe supremo e incontestável tanto da igreja local
como a da invisível.
III. UMA IGREJA RICA EM OBRAS
Observemos o contraste entre as “obras”
da igreja de Éfeso (2.5), e as “obras” da igreja de Tiatira: enquanto naquela
as “últimas obras eram menores que as primeiras”, nesta pelo contrário; as
“últimas obras são mais do que as primeiras”. O substantivo grego, que nossas
versões do Novo Testamento traduzem por “obras”, com maior precisão que a
palavra portuguesa comporta duas acepções: o resultado de uma atividade
(sentido habitual do termo em português); e também: a atividade em si mesma,
limitando-se às atividades morais. Aqui, são obras de caridade feitas em favor
de CRISTO (Ap 22.12).
1. Amor. Aqui a palavra grega utilizada
para amor é ágape e este é o amor incondicional de Deus pelo homem. É a
essência de Deus. É o centro de tudo para a vida cristã. O ser humano tem um
amor que sempre se manifesta em função de alguém seja pai, mãe, filhos, irmãos,
cônjuge e etc., porém o amor ágape que o cristão tem vai além deste sentimento
humano. O amor ágape envolve o amor pela vida e condição do ser humano seja
pecador ou salvo. É um amor incondicional.
2. Serviço. O termo grego diakonia
utilizada aqui representa os valores dos serviços que os cristãos utilizavam e
devem utilizar em todos os momentos de sua vida, dentro ou fora da igreja. Para
que eles exercessem esse serviço era necessário uma dedicação constante e
também era um fruto do amor que tinham.
3. Fé. Junto com as suas obras, os
discípulos em Tiatira mostraram a sua fé. As pessoas podem ser identificadas
conforme a sua fé. Há crentes e há incrédulos, e não pode existir comunhão
entre os dois (2Co 6.14-15).
4. Paciência. (Perseverança ou
resistência constante). Apesar de estarem vivendo momentos de duras
perseguições os crentes de Tiatira perseveravam no amor, nos valores à vida e
no serviço às demais pessoas. Tudo isto que é enumerado neste versículo é fruto
do Espírito Santo na vida do cristão. O bom solo produz fruto com perseverança
(Lc 8.15), uma qualidade freqüentemente incluída nas características que
definem os servos de Deus (Cl 1.11; 2 Tm 3.10; 2Pe 1.6). A tribulação produz
perseverança (Rm 5.3-4; Tg 1.3-4,12).
5. Abundância em obras. A igreja em
Tiatira era uma congregação ativa. Ao invés de esfriar, ela se tornou cada vez
mais ativa no serviço a Deus. A fé que agrada a Deus é a fé ativa que se mostra
pelas suas obras (Tg 2.14-17). Os servos de Deus devem ser “sempre abundantes
na obra do Senhor” (1Co 15.58), pois Deus nos criou para boas obras (Ef 2.10).
SINOPSE DO TÓPICO (3) A
igreja de Tiatira era rica em amor, serviço, fé, paciência e boas obras.
IV. JEZABEL, E AS PROFUNDEZAS DE
SATANÁS
1. A Jezabel de Tiatira. “Jezabel”
significa: “Montão de lixo”. Na opinião de alguns eruditos: “Casta”. Aparece
pela primeira vez nas Escrituras como pessoal de uma princesa. Ela tinha
crescido em Tiro, na cidade portuária fenícia. Seu pai, rei Etbaal, era também
sacerdote de Astarote e sacrificava a Baal (1 Rs 16.31) e, por conseguinte,
tornou-se esposa de Acabe, rei de Israel. Esta Jezabel tombou morta no vale de
Armagedom (2 Rs 9.15, 16, 30, 37). Na carta dirigida à Tiatira, João cita uma
pessoa específica: Jezabel, nome este derivado daquela Jezabel do AT e que
representa a idolatria e a perseguição aos santos (1 Rs 16.21; 19.1-3; 21.1-15;
ver 21.25). No meio da comunidade em Tiatira, esta mulher liderava se intitulando
profetisa e fez com que os cristãos deixassem de buscar a Cristo e seus
ensinamentos e passassem a realizar as práticas cultuais do gnosticismo. O que
ela fazia era algo tão ruim que é apelidada de Jezabel, a rainha que casou com
Acabe e que em 1 Reis 16 a 21 relata o mal que fez contra o povo de Israel e
contra Deus.
2. O ministério de Jezabel. ”Mulher
que se diz profetisa”: há muitas opiniões a respeito da “audaciosa mulher” da
igreja de Tiatira; alguns até já defenderam tratar-se de uma “doutrina”, ou
mesmo de uma “religião” e não de uma pessoa. A Jezabel do Antigo Testamento, é
citada como o protótipo de pecado. A Jezabel do presente texto, trata-se de uma
pessoa e não apenas uma figura ou personificação do mal. A passagem fala
claramente de uma pessoa, pelo uso do pronome “ela”. A Jezabel de Tiatira agiu
de maneira semelhante à mulher de Acabe, seduzindo os crentes às práticas de
idolatria e prostituição (ou imoralidade sexual literal, ou impureza
espiritual). Ela incentivou os servos de Deus a comerem coisas sacrificadas a
ídolos, uma prática condenada que representa comunhão com os demônios (veja At
15.20,29; 1Co 10.20-22). Um pecado prevalecente na igreja de Tiatira era a
tendência de tolerar o pecado, a iniqüidade o ensino antibíblico entre seus
líderes (vv. 14,20). Alguns em Tiatira provavelmente aceitaram os
falsos mestres, pelo fato de falarem em nome de DEUS e terem grande
popularidade e influência. CRISTO condena o pecado da transigência com o erro.
Devemos rejeitar qualquer preletor que coloca suas próprias palavras acima da
revelação bíblica (ver 1 Co 14.29) e declara que DEUS aceita, na igreja, a quem
comete atos imorais, participando dos prazeres pecaminosos do mundo.
3. A obra de Jezabel. “E dei-lhe tempo
para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu”; tratava-se
tanto de prática imorais pessoais, como parte do culto da seita gnóstica. Era
algo tanto espiritual como físico. Alguns, na igreja, costumam tolerar tais
falsos ensinos, por indiferença, medo de confronto, amizade pessoal ou pelo
desejo de paz, harmonia, autopromoção ou dinheiro. DEUS excluirá tal igreja,
juntamente com os seus líderes (vv. 20-23; ver também Lc 17.3,4).
CONCLUSÃO
Na igreja de Tiatira havia dois grupos
distintos: os cristãos verdadeiros e os que se gloriavam de conhecer “as
profundezas de Satanás”. Paulo encontrou quatro grupos na igreja de Corinto.
Porém é evidente que aqueles eram crentes em JESUS; o grupo de Jezabel não. Ao
primeiro grupo, Cristo exorta: “Mas o que tendes retende-o até que eu venha”.
Precisavam guardar aquilo que é precioso como: A palavra de DEUS. É o divino
convite. É o apelo de CRISTO. As últimas cartas do Apocalipse, todas possuem
características da Igreja cristã dos “últimos tempos”; portanto, todas elas, de
alguma maneira, lançam olhos para o fim de nossa era, ou seja, para a vinda de
JESUS (1 Ts 4.13-17). Em sua misericórdia, DEUS concedeu um tempo de
arrependimento a Jezabel e aos que com ela pecaram (Ap 2.21). Em sua paciência,
Ele espera por nós… “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de
fato e de verdade.” (1Jo 3.18) N’Ele, que me garante: “Pela graça sois salvos, por
meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Fonte: www.ebdweb.com.br
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