SARDES, A IGREJA MORTA
LEITURA BÍBLICA:
Apocalipse 3.1-6.
INTRODUÇÃO
A igreja em Sardes foi
morrendo aos poucos até esvaziar-se por completo do Espírito Santo. Agora, já
não passava de um cadáver. Mas aos olhos humanos, parecia bem viva.
Assemelhava-se aos defuntos preparados em ricas funerárias. Bem maquiada e
vestida ricamente, impressionava por sua vida sem vida. Ela, porém, já começava
a cheirar mal. Muitas igrejas, hoje, assemelham-se a Sardes. Morreram e não o
sabem. Vivem do passado, pois já não existem no presente. Ao invés do registro
do novo nascimento, o atestado de um óbito que poderia ter sido evitado. Era só
angustiar-se por um avivamento. Todavia, o Senhor Jesus quer reavivá-las. O
Espírito Santo haverá de soprar-lhes a vida, para que se reergam neste vale de
ossos sequíssimos. Somente um reavivamento ressuscitará as igrejas que, apesar
de terem história, já não fazem história.
I. A IGREJA EM SARDES
1. A cidade de Sardes. A
cidade de Sardes, por estar situada a quinhentos metros acima do nível do mar,
considerava-se inexpugnável. Ela orgulhava-se também de seus fabulosos
tesouros. Suas abundâncias vinham, em parte, do rio Pactolos, que lhe fornecia
ouro e prata em grandes quantidades. Suas águas, de tão excelentes, eram tidas
como indispensáveis à boa saúde. Sardes fazia parte do Reino da Lídia, cujos
monarcas tornaram-se notórios por sua magnificência. Haja vista o fabuloso
Creso. Ascendendo ao trono no sexto século a.C, este rei acumulou tantos bens,
que o seu nome veio a tornar-se sinônimo de riqueza. No mundo antigo, este
ditado era corrente: “Rico como Creso”. Quem visita, hoje, a Turquia, espanta-se
com as ruínas de Sardes. Nem sombra há daquele reino que se elevava aos céus.
2. A igreja em Sardes.
Fundada provavelmente pelo apóstolo Paulo, a igreja em Sardes exalava abundante
vida. De um amontoado de gente oriunda de várias etnias, o Espírito Santo
batizou a todos no corpo de Cristo (Rm 6.3). E apesar da diversidade cultural,
todos agora achavam-se irmanados no Autor da vida (Nm 27.16; Jo 17.2; At 3.15).
Mas, não demorou muito, e Sardes começou a necrosar-se; morria e não percebia
que estava morrendo (Ap 3.1). Sardes, agora, vivia de aparências. Embora
parecesse avivada, jazia sem vida. Sua liturgia até lembrava o cenáculo, mas
não passava de uma bem ritmada marcha fúnebre. Este é o retrato de algumas
igrejas. No exterior, a caiadura bela; no interior, o acúmulo de mortos (Mt
23.27). E os que ainda vivem já não suportam o mal cheiro dos que apodrecem
moral e espiritualmente.
II. A IDENTIFICAÇÃO DO
MISSIVISTA
À igreja em Sardes,
apresenta-se Jesus como aquele que tem os sete Espíritos de Deus. Dessa forma,
o Senhor realça a ação plena do Espírito Santo na Igreja de Cristo. Somente o
Consolador pode vivificar uma igreja morta. Lembra-se do vale de ossos secos
visto por Ezequiel? Se buscarmos a Deus, o Senhor Jesus assoprará sobre nós o
seu Espírito. Cada osso com o seu osso se ajuntará; os nervos e tendões
aparecerão e as carnes vestirão todos os esqueletos, prontificando-os como o
poderoso exército de Jeová (Ez 37).
1. O que tem os sete
Espíritos de Deus (Ap 3.1). Era urgente que Sardes soubesse: sem o Espírito
Santo, a vida é impossível. Foi Ele quem transmitiu movimento e beleza a uma
terra sem forma e vazia (Gn 1.1,2). No ventre da virgem de Nazaré, concebeu o
Filho de Deus (Lc 1.35). E no Pentecostes, derramou-se sobre os discípulos (At
2.1-4). Sem o Espírito Santo, não há regeneração, pois o novo nascimento é
operado por Ele (Jo 3.5). Se Sardes estava morta, carecia com urgência do
Espírito da vida (Rm 8.2).
2. Os sete Espíritos de
Deus. Existe apenas um único Espírito Santo (Ef 4.4). Sua ação, todavia, é tão
perfeita e eficaz, que Isaías setuplamente o descreve: “E repousará sobre ele o
Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito
de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor”
(Is 11.2). Através da sétupla ação do Espírito Santo, o Senhor Jesus traz
novamente vida as igrejas que, à semelhança de Sardes, deixaram-se esvaziar de
Deus.
3. As sete estrelas.
Apresenta-se Jesus, também, como o soberano da Igreja. Tanto local, quanto universalmente,
Ele é a cabeça da Igreja, pois resgatou-a com o seu precioso sangue (Ef 5.23; 1
Pe 1.17-19). Eis porque os pastores, no Apocalipse, são representados como as
estrelas que se acham na destra do Cordeiro (Ap 1.20; 3.1). Portanto, se alguém
quer brilhar, que brilhe nas mãos do Senhor como luz de um mundo que jaz no
maligno.
III. A DOENÇA E A MORTE DE
UMA IGREJA
Aos olhos das demais
igrejas, Sardes exibia-se bela e viva. Mas aos olhos de Cristo, não passava de
um defunto bem produzido. Aliás, a sua certidão de óbito já estava lavrada com
a explicitação da causa mortis.
1. Perda de memória. A
primeira doença a atingir a igreja em Sardes foi a perda de sua memória
espiritual. Embora vivesse do passado, já não conseguia lembrar-se do que
recebera de Deus. A exortação do Senhor é urgente: “Lembra-te, pois, do que
tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te” (Ap 3.3). A situação de
Sardes era mais grave do que a de Éfeso. Esta igreja ainda podia lembrar-se do
primeiro amor e voltar ao local onde caíra. Mas aquela, posto já estar morta,
carecia de uma ressurreição; um grande e poderoso reavivamento. O Senhor Jesus,
porém, tanto nos restaura a memória espiritual, como nos faz ressurgir dentre
os mortos (Ef 5.14).
2. Desleixo. Esta foi a
segunda doença de Sardes: desleixo. Embora não sejamos perfeitos, nossas obras
têm de primar pela excelência. A igreja em Sardes, todavia, desprezando o
padrão divino, fizera-se tão relapsa, que o Senhor já não a suportava: “Não
achei as tuas obras perfeitas diante de Deus” (Ap 3.2). No âmbito do Reino de
Deus, a perfeição é o padrão mínimo aceitável, conforme recomenda o apóstolo:
“se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou
o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade;
o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm
12.7.8). A perfeição na Igreja de Cristo só é possível se amarmos o Cristo da
Igreja. De que forma tratamos a Obra de Deus? Lembremo-nos da advertência de
Jeremias: “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente!” (Jr 48.10).
3. Descaso para com o
remanescente fiel. No necrotério de Sardes, havia alguns crentes que ainda
respiravam. E o Senhor estava preocupado com eles: “Sê vigilante e confirma o
restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante
de Deus” (Ap 3.2). Jesus queria preservar a vida daqueles poucos homens e
mulheres que não haviam contraído as moléstias deste século: orgulho, rebelião,
adultério, fornicação, heresias, roubo, cobiça, calúnias. É hora de confirmar
os que ainda respiram. Confirmemo-los através da Palavra de Deus, da oração, da
comunhão dos santos e do serviço evangelístico e missionário. Quanto aos que já
morreram, que ouçam a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Desperta, ó tu que
dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá” (Ef 5.14).
CONCLUSÃO
Se o anjo da igreja em
Sardes não cumprisse os seus deveres, teria o nome riscado do Livro da Vida: “O
que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu
nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos
seus anjos” (Ap 3.5). Sabe o que isso significa? Separação eterna de Deus. Sim,
desempenhar o ministério cristão de forma relapsa e profana pode levar o
obreiro a comprometer a própria salvação. Muito cuidado! Finalmente, irmãos, a
Igreja de Cristo é lugar de vivos. Nosso Deus não é Deus de mortos (Mc 12.27).
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